Uma semana depois de ser solto do Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) de Londrina, o vereador afastado Rodrigo Gouvêa (PRP) quebra o silêncio, quinta-feira (12), em entrevista coletiva marcada pelos advogados do parlamentar. Gouvêa falará às 16h30 na Casa da Amizade, no Rotary Clube (Zona Sul).
Segundo o advogado Guilherme Gonçalves, a iniciativa servirá para o cliente ''esclarecer, conforme prometido, que medidas serão tomadas daqui em diante''. Para o advogado, os 23 dias de prisão, sob acusação de peculato - suposta contratação de uma assessora ''fantasma'' - e constrangimento ilegal a testemunha - que, no caso, teria ocorrido contra o ex-chefe de gabinete do vereador, Sérgio Dicezar da Costa - foram ''uma grande injustiça''. ''O Rodrigo não teve tempo de dar a versão dele; agora, não só o fará como anunciará que medidas judiciais serão tomadas.''
Gouvêa chegou a prestar depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), dia 23 de setembro, mas sobre outro caso que também lhe rendeu duas ações - uma na área criminal e uma na cível, de improbidade administrativa: o da suposta cobrança de propina contra o empresário Maurício Costa, para aprovação, em junho, do projeto ''Minha Casa, Minha Vida''. Na Justiça criminal, o parlamentar foi denunciado por corrupção passiva.
A última manifestação do vereador foi no dia da prisão dele, na sede do Gaeco. Na ocasião, afirmou desconhecer as acusações que pesavam contra si, e mesmo o motivo do decreto de prisão expedido pela juíza da 4 Vara Criminal, Carla Pedalino. Nessa ação, ele vai depor em juízo - a audiência de instrução processual, até ontem à tarde não havia sido marcada.
Gonçalves adiantou que entre as medidas estudadas pela defesa estão ''a avaliação da acusação do ex-assessor, uma denunciação caluniosa, e a prova de que a ex-assessora sempre executou suas funções, ainda que fora do gabinete''. ''Vamos reafirmar que uma assessora atuar fora do gabinete não configura peculato - ela não trabalhava lá dentro, isso sempre admitimos. Mas o fato demonstra a injustiça da prisão do Rodrigo - afinal, ele ia constranger o ex-chefe de gabinete para não dizer o quê?''
Defesa na Câmara
Na Câmara, o pedido de vista feito na última quinta por outro advogado do vereador, Nilton Simão, foi liberado pela Casa e comunicado a ele, já anteontem. O acesso dele à documentação, contudo, só deverá ocorrer, conforme o advogado, amanhã. ''A Câmara pediu que eu tenha procuração do vereador para isso; como o Rodrigo estava viajando, só terei essa procuração amanhã (hoje)'', alegou Simão, negando que a atitude seja uma estrattégia de postergar a análise em plenário de eventual abertura de Comissão Processante (CP). Isso só poderá ser feito depois de passado o prazo de 10 dias concedido à defesa para o acesso aos autos.