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Toffoli mantém durante plantão da Justiça controle de ação sobre conversas na Lava Jato

José Marques - Folhapress
21 dez 2023 às 15:47

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- STF
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Às vésperas do recesso do STF (Supremo Tribunal Federal), iniciado nesta quarta-feira (20), o ministro Dias Toffoli informou à corte que, durante o plantão, manteria sob sua responsabilidade o processo sobre as conversas de procuradores da Lava Jato acessadas por hackers.


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Essas conversas foram obtidas pela Operação Spoofing, da Polícia Federal. Foi nessa ação que, em setembro deste ano, Toffoli anulou as provas do acordo de leniência da Odebrecht.

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Normalmente, durante o plantão, decisões urgentes ficam a cargo do presidente da corte, que atualmente é o ministro Luís Roberto Barroso, e do vice, Edson Fachin.

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Mas ministros podem querer continuar trabalhando em seus acervos. Neste ano, Gilmar Mendes, André Mendonça e Alexandre de Moraes também decidiram que cuidarão dos processos sob as suas relatorias durante o plantão.


Toffoli quis ficar apenas com o caso da Spoofing. Com isso, eventuais decisões e despachos urgentes sobre o caso continuarão sob responsabilidade do próprio ministro até fevereiro, quando o Judiciário volta às atividades regulares.

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O ministro manteve esse tema sob seu controle e, ainda, pode contar com o adiamento de eventuais julgamentos colegiados de suas decisões até fevereiro --só em casos excepcionais o Supremo convoca plenários virtuais extraordinários durante o recesso.


Foi justamente em ações relacionadas à Spoofing que Dias Toffoli deu duas decisões que repercutiram entre terça (19) e quarta (20).

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Na primeira decisão, o ministro determinou a "nulidade absoluta" de todos os atos praticados contra o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) no âmbito da Lava Jato ou das operações Rádio Patrulha, Piloto, Integração e Quadro Negro. Richa, atualmente, é deputado federal.


Toffoli ainda determinou o trancamento de todas as persecuções penais abertas contra Richa que tenham como base algumas dessas operações, além da nulidade das decisões proferidas pelo ex-juiz Sergio Moro, que hoje é senador pela União Brasil-PR.

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No dia seguinte, nesta quarta, o ministro suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões aplicada contra a J&F no acordo de leniência do grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista.


Na mesma decisão, Toffoli autorizou o grupo empresarial a ter acesso à íntegra das mensagens da Spoofing, que possui conversas entre procuradores da Lava Jato.

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A ação foi protocolada em 7 de novembro, colocada sob segredo de Justiça, e distribuída a Toffoli por conexão com o caso da Odebrecht.


A decisão surpreendeu não só por atrelar o caso à Odebrecht, mas também porque a mulher de Toffoli, Roberta Rangel, é advogada do grupo dos irmãos Batista, responsável pela atuação no litígio entre a empresa e a Paper Excellence pelo controle da Eldorado Celulose.

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O acordo de leniência foi firmado no âmbito da Operação Greenfield em 2017 por conta dos danos à administração pública e aos fundos de pensão decorrentes de crimes atribuídos pela Procuradoria a executivos do grupo.


No âmbito criminal, os dirigentes firmaram acordo de delação premiada e confessaram ilícitos. Os irmãos Batista confessaram ter pago milhões de reais em propina a políticos e agentes públicos.


O processo que ficou nas mãos de Toffoli no recesso era inicialmente de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril, e envolve dezenas de políticos afetados pela colaboração dos executivos da empresa.


A ação foi apresentada, a princípio, pela defesa do presidente Lula (PT), à época comandada por Cristiano Zanin, que se tornou ministro este ano após indicação do presidente.


No processo, Lewandowski interrompeu investigações contra o petista sob o argumento de que a higidez das provas oriundas desses sistemas estava corrompida, sobretudo porque os arquivos foram transportados de forma inadequada.


Ao assumir a relatoria do caso, Dias Toffoli decidiu invalidar em setembro as provas do acordo da Odebrecht, em decisão que fez acenos a Lula, com quem se desgastou nos últimos anos.


Toffoli foi indicado ao Supremo por Lula em 2009, quando era advogado-geral da União. Em sua decisão, o ministro disse que a prisão do petista foi uma armação e o "verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia" e que "até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país", mas "foi muito pior".


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