Política

TC aponta culpa de Gianoto nos desvios em Maringá

13 mar 2001 às 11:13

O ex-prefeito Jairo Gianoto (sem partido) teve participação decisiva no esquema de corrupção da Prefeitura de Maringá. Gianoto negou que tivesse conhecimento dos desvios, da ordem de R$ 100 milhões, e transferiu a culpa para o ex-secretário de Fazenda Luis Antônio Paolicchi. Auditoria do Tribunal de Contas do Estado, a qual a Folha teve acesso, contestou a versão apresentada por Gianoto na sexta-feira passada quando falou sobre o escândalo depois de cinco meses de silêncio.

No documento, os técnicos do TC afirmaram que Gianoto "tinha o dever de acompanhar, proteger e resguardar o patrimônio público de danos e dilapidações. Contrariamente ao cumprimento desse dever, há notícias de que em alguns cheques, ele aparece favorecido, donde se infere que a sua participação não foi somente omissiva, mas que concorreu ativamente para a improbidade administrativa". O Ministério Público descobriu cheques da Prefeitura de Maringá depositados na conta particular de Gianoto. Eles somam R$ 549 mil.


A auditoria do tribunal concluiu que foram desviados cerca de R$ 54 milhões entre 1997 a outubro do ano passado, quando Gianoto pediu afastamento do cargo. O levantamento do TC foi anexado ao processo que tramita na Justiça Federal contra Paolicchi, o seu sucessor, Jorge Sossai, e os servidores Waldemir Ronaldo Corrêa e Rosimeire Castelhano Barbosa. A liberdade de atuação dos integrantes da Secretaria de Fazenda teria sido um dos fatores que contribuíram para o sucesso do esquema.


"Estes funcionários (Paolicchi, Rosemeire e Sossai) tinham plena liberdade para assinar cheques e emitir pagamentos em nome da prefeitura. Em princípio, sem qualquer controle superior", atestaram os técnicos do TC. De acordo com a auditoria, um cheque do município que passava pelo esquema não era emitido nominalmente a um fornecedor, como seria feito numa transação normal. Nesse caso, o beneficiário nominal do cheque era a própria prefeitura, mas por endosso de Paolicchi, Rosemeire e Sossai, ele tornava-se ao portador.


Para encobrir o dinheiro desviado, a secretaria informava que credores haviam sido pagos por serviços prestados ao município. A auditoria do TC identificou que o esquema usava o nome de empresas públicas estaduais, como Copel, Banestado (que ainda não havia sido privatizado na época dos desvios) e a Emater. Só para a Copel foram registrados pagamentos fictícios que atingem R$ 19,8 milhões.

Ao Banestado, a contabilidade da prefeitura informava ter emitido R$ 4,1 milhões. Ao todo são 29 empresas públicas e privadas que tiveram os nomes relacionados. Os valor total chega a R$ 46,8 milhões. Corrigido, o rombo atual é de R$ 54 milhões. Fontes da Folha envolvidas na investigação sustentam que o desfalque em Maringá atinja cerca de R$ 100 milhões.


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