O pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, questionou nesta segunda a validade das medidas de incentivo ao consumo que vêm sendo promovidas pelo governo federal. Para o ex-governador, "o Brasil tem crescido na base do incentivo ao consumo", mas esse tipo de medida "não tem sustentação". Na opinião do tucano, as ações anunciadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff não chegam a configurar um modelo de crescimento. "Modelo dá um destaque, é mais sofisticado, como se fosse um estilo de crescimento, o que não temos", afirmou.
As declarações foram dadas por Serra durante mesa-redonda realizada na sede do Insper, na capital paulista. Também participou do evento a pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre pelo PCdoB, Manoela D''Ávila. O foco do debate foi o livro "Tryumph of the City", do economista e professor de Harvard Edward Glaeser, que era esperado para o encontro, mas não pôde comparecer por motivos particulares.
No dia 21 de maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um pacote de R$ 2,7 bilhões para estimular o consumo, principalmente o de automóveis. Para reduzir o estoque das montadoras, o governo, por exemplo, zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros de até mil cilindradas. Outra medida foi a redução da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos empréstimos para pessoas físicas de 2,5% para 1,5%.
Serra também citou projetos do governo federal que considera desperdício de dinheiro público. "O trem-bala, por exemplo, é uma ideia sem pé nem cabeça", criticou. "Ainda dizem que vai poupar energia e poluir menos. Nem demanda (de passageiros) tem."
Questionado se a transferência de tecnologia para o Brasil não justificaria um projeto como o do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro, Serra argumentou que seria uma transferência cara demais. "Seria o mesmo que queimar uma casa para fazer churrasco do leitão que está na parte de dentro", comparou.