O vereador Jacks Aparecido Dias (PT) falou ontem sobre a denúncia publicada com exclusividade pela FOLHA DE LONDRINA no dia 16 de abril de que teria recebido um suposto 'mensalinho' de uma empresa que presta serviços terceirizados para a Autarquia Municipal de Saúde (AMS) de Londrina em parte do período em que ele era secretário Municipal de Gestão Pública. Alegando que não teve acesso ao processo, o vereador não rebateu pontualmente as denúncias mas assegurou que é inocente. Sua defesa sugeriu que teria havido uma tentativa de extorsão.
A denúncia de concussão (extorsão praticada por funcionário público) está sendo apurada pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo o denunciante, o vereador teria recebido entre 2006 e 2008 quantias mensais entre R$ 5 mil e R$ 6 mil das empresárias Marli Aparecida Batilani e Monica Amstalden, sócias do Grupo Setrata que controla a Sertcon, empresa que presta serviços de limpeza para a AMS desde 2001. Na sexta-feira, o advogado do Grupo, Omar Baddauy, disse que Antônio Batilani, pai de Marli, afirmou em depoimento ter entregue seis parcelas de R$ 5 mil a R$ 6 mil ao vereador, pedidos para cobrir gastos com campanha.
Tanto Jacks quanto seu defensor, o advogado João dos Santos Gomes Filho, não rebateram cada ponto da denúncia argumentando desconhecimento do processo. Mas ao contrário do que disse o denunciante à FOLHA - que havia sido procurado várias vezes por telefone por Jacks -, o vereador afirmou ter conversado uma única vez por telefone com ele, que não tomou conhecimento do teor da denúncia e que o orientou a procurar o Ministério Público. Já o advogado cogitou a possibilidade de o denunciante ter tentado extorquir o vereador. ''Efetivamente tem alguma coisa podre no reino da Dinamarca. Vamos descobrir o que está cheirando mal antes de cortar a carne'', comentou Gomes Filho citando Hamlet, obra de Shakeaspeare que fala sobre traição no poder.
O vereador também afirmou que nunca pediu nem recebeu nenhuma quantia em dinheiro nem das empresárias nem da empresa da qual elas são sócias. Preferiu não bater o martelo, porém, quando questionado se doações teriam sido feitas em nome do Partido dos Trabalhadores (PT), o qual ele presidia no período em que esteve a frente da secretaria: ''Vou ter essa informação a partir do momento em que tiver acesso aos depoimentos''. A direção municipal do PT está averiguando a existência de doação por parte das empresárias ou das empresas que elas representam.
Assim como já tinha feito na última sexta-feira, em nota oficial, o vereador voltou a colocar à disposição seus sigilos bancários, fiscal e telefônico. Ele também ressaltou que todos os contratos no período em que foi secretário de Gestão eram analisados coletivamente e que as decisões nunca eram tomadas por uma única pessoa. ''Quero tranquilizar minha família, meus amigos e a comunidade e colocar que isso tudo não ocorreu. Dentro do processo, vou provar e justificar que a notícia colocada não procede'', concluiu o vereador.