Política

Secretário não sabe se atentado à PIC teve um mandante

30 jan 2001 às 21:23

O secretário de Segurança Pública do Estado, José Tavares, disse que o atentado à Promotoria de Investigações Criminais (PIC) em Curitiba pode ter sido executado sem o envolvimento de um mandante. "Houve um momento em que eu achava que sim. Hoje já tenho minhas dúvidas de que haja um", afirmou Tavares. Ele acredita que o inquérito policial, que será entregue hoje ao Ministério Público, não cite o nome de um suposto mentor.

Para Tavares, a inexistência de um mandante está relacionada ao fato de que os executores do incêndio "tinham interesse indireto" em destruir provas contra o crime organizado. "Eles podem ter sido motivados pela amizade que os ligava ou por propostas de dinheiro." Questionado se esta conclusão poderia frustrar a opinião pública, Tavares respondeu: "se houver alguma razão que nos obrigue a caminhar nessas investigações para ver se tem algum mandante, vamos fazer isso com muita determinação".


A investigação entra nesta quarta-feira numa nova fase. Depois de 30 dias sob responsabilidade da Divisão de Narcóticos (Dinarc), o inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que tem cinco dias para decidir se pede novas diligências, defenda o arquivamento ou apresente a denúncia dos acusados a um juiz.


Até agora, as investigações resultaram na prisão de cinco pessoas e no indiciamento de sete. O atentado teria sido cometido pelo tenente Alberto Silva Santos e o taxista Alexsandro Ribeiro, o "Magrão". Santos nega envolvimento. O policial civil Edson Clementino da Silva, o "Lambe-Lambe", confessou ter dirigido o carro do tenente até a PIC.


O sargento Ademir Leite Cavalcante também está preso. Contra ele há uma denúncia do cabo João Sezipanski que o acusa de ameaça de morte por ter se recusado a prejudicar a investigação do atentado. Segundo o cabo, Cavalcante teria mencionado o nome do advogado Antônio Pellizzetti e do policial civil Mauro Canuto, que foi solto por falta de provas.


O discotecário Emerson Vieira, o "Pitt", tentou ser um álibi para o tenente, mas acabou preso e colaborando para a identificação de Magrão. O advogado Antônio Pellizzetti também foi indiciado por causa das acusações do cabo e ligações telefônicas feitas por Santos poucas horas depois do atentado.

Na tarde desta quarta, a polícia ouviu mais um segurança da boate Sexys. Ele mora na mesma casa em que Magrão, no bairro Fazendinha, guardou documentos roubados da PIC. O segurança, conhecido apenas como "Marcão" (o nome completo não foi informado pela polícia), deve ser indiciado no inquérito por saber que o taxista escondia documentos públicos. Na saída da Dinarc, o segurança não quis falar com a imprensa.


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