Candidato propõe fomentar a cultura na área central e aposta em parceria com Ratinho Junior para investimentos
O deputado estadual Tiago Amaral (PSD), da coligação “A Londrina que queremos” (PRD/PL/PSD/Agir/Avante/União), é o último entrevistado da sabatina do Grupo Folha de Londrina com os prefeituráveis. As publicações estão disponíveis, na íntegra, no canal da Folha de Londrina no YouTube.
O candidato reuniu lideranças da direita em torno da sua candidatura, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Ratinho Junior (PSD) e o senador Sergio Moro (União).
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Entre suas propostas, Amaral fala em retomar as obras do Teatro Municipal e revitalizar equipamentos culturais, e acredita em uma cultura incentivada e “rentável” na cidade, fomentada na área central.
Para a saúde, o pessedista propõe descentralizar o atendimento infantil e valorizar os servidores municipais. Na educação, quer ampliar o ensino em tempo integral. Outra proposta é a presença de guardas municipais armados nas unidades de ensino de Londrina.
Confira parte da entrevista:
Por que o senhor quer ser prefeito de Londrina?
Tenho um amor muito grande por Londrina. Eu sinto que é hora de Londrina oxigenar. Londrina precisa mudar de patamar, precisa acelerar, precisa ir mais rápido, precisa ser mais dinâmica. E, para isso, precisa de alguém que tenha realmente o conhecimento, que tenha experiência na vida pública, que tenha a capacidade, a paixão e o entusiasmo para fazer a nossa cidade mudar de patamar. Londrina é uma cidade que é grande, nasceu para ser grande. E, ao longo das últimas décadas, na minha avaliação, tem tido um pensamento um pouco pequeno em relação à forma de administrar a cidade.
O candidato conseguiu reunir as principais lideranças da direita na sua candidatura, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador Ratinho Júnior, o senador Sergio Moro, e outros deputados de Londrina. Qual será o papel dessas pessoas em um eventual governo seu?
Só adicionar também o ex-prefeito Alexandre Kireeff, que está com a gente nesse projeto. O governador Ratinho Junior, por exemplo, na condição de líder maior no Paraná, vai nos dar apoio, dar respaldo e nos ajudar nessa transformação. Sem dúvida, no pós-eleição, ele será figura central desse trabalho, dessas ações, porque Londrina precisa de muitos investimentos e, sozinha, não vai ter condições de fazer tudo o que precisamos. O comprometimento dele é fundamental e o alinhamento que eu tenho com ele me dá essa garantia. E o papel, é claro, dos demais parlamentares, também, nessa construção do modelo de política que nós esperamos para Londrina e para a região. Eu tenho convicção que temos condições de montar o maior grupo político do interior do Paraná.
Em uma eventual gestão, como o senhor vai tratar os espaços culturais da cidade? O Teatro Municipal não saiu do papel, o Zaqueu de Melo está fechado, assim como o Museu de Arte.
A cultura de Londrina é um marco da nossa história, é algo vivo, é algo histórico e é uma das nossas frentes de ação para a atração de novas receitas, novas riquezas, fruto dessa economia criativa. Eu falo que a cultura é a grande responsável pela nossa identidade. Nós vamos retomar o Zaqueu de Melo, vamos trazê-lo novamente à vida, devolvendo a ele a imagem e a força que nós temos que depositar na exploração, no bom sentido, da cultura londrinense. Temos estruturas que foram recuperadas por parcerias com o governo do Estado, como o Ouro Verde, e com a iniciativa privada, como o Cine Villa Rica. Temos que somar o Zaqueu de Melo a essas estruturas e entender que o centro de Londrina é um espaço cultural, é um espaço de vida. Em relação às obras do Teatro Municipal, precisamos necessariamente da parceria do governo do Estado ou do governo federal. Todos os projetos indicam que o custo será de mais de R$ 100 milhões. Já temos alguns caminhos desenhados para isso, via governo do Estado, mas acho que a responsabilidade no primeiro momento é do governo federal, que colocou os recursos inicialmente.
Qual a sua proposta para aumentar os recursos do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura)?
Em regra, tanto o Promic quanto o Feipe [Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos] e outras estruturas de fundo são objetos de renúncia fiscal e sem que a gente tenha fortes empresas, fortes indústrias, fortes estruturas da cidade, a gente tem dificuldade, inclusive, para colocar para frente projetos de parcerias. O resgate da nossa economia é um ponto central e fundamental para que a gente tenha mais condições, mais recursos, mais receita, tanto da fonte direta quanto de renúncias, para depositar nesses fundos de incentivo. Agora, o que eu espero da nossa cultura? Que ela seja incentivada, mas também que ela seja rentável. Como em tudo, não há como a gente pensar em projetos que não tenham o mínimo de sustentabilidade. Então, a cultura de Londrina tem muita força, ela tem história. Os festivais geram receitas e riqueza. A partir do momento que nós conseguirmos desenhar uma estratégia para que a própria cultura seja aquilo que nós esperamos, um promotor da cidade, um objeto de atração de novos recursos e novas receitas, aí R$ 5 milhões viram R$ 10 milhões, os R$ 10 milhões viram R$ 15 milhões etc. Londrina tem que ser o principal palco de eventos culturais do Brasil entre as cidades do interior.
O seu plano de governo reconhece que o londrinense enfrenta longas filas para atendimento médico, demora para consultas e exames. Como resolver esses problemas? Qual será sua prioridade na saúde?
A prioridade na saúde é devolver o mínimo de dignidade ao londrinense. Estamos propondo a Rede Carinho para descentralizar o atendimento mais especializado aos filhos, ao pai e à mãe, e levar isso para todos os bairros. Esperamos desobstruir a sobrecarga que existe nesse PAI e [propomos] a criação do PAI da zona norte. Nós precisamos trazer, também, tecnologias como a telemedicina. As estruturas básicas da cidade estão completamente defasadas. Devemos ter, hoje, pelo menos 90 a 100 equipes de Saúde da Família, que são responsáveis por cuidar das pessoas no dia a dia. Precisa trazer definitivamente um reforço a essas equipes. Enquanto nós não resolvermos o problema da Atenção Básica, o caos na saúde dificilmente vai se esvair, as pessoas vão continuar pagando um alto custo. Então, vamos ter um investimento pesado, temos ainda um teto muito baixo, que é uma dificuldade enorme nessa articulação política. Vamos reforçar isso, tem que ser priorizado como pauta primeira da saúde. Vamos ter uma aproximação com os nossos servidores, que precisam ser valorizados, respeitados, vamos ouvir os servidores para entender esses problemas que estão acontecendo na ponta. Mas, o primeiro passo é respeitar o cidadão. Se a gente tem dificuldade, por exemplo, em uma consulta, em uma cirurgia, não tem por que nós não chamarmos a rede privada para nos dar suporte.
O senhor fala em uma força-tarefa para resolver a questão da população em situação de rua e chega a citar internação compulsória em alguns casos. Qual será sua política na Assistência Social? E a internação compulsória não seria uma decisão radical?
O bem mais precioso que o Estado protege é a vida e eu posso garantir que quem está na rua tende a morrer, porque se [a pessoa] não está no álcool, ela vai entrar; se não está na droga, vai entrar; se não está no crime, vai entrar; e se ainda não foi assassinada ou se ainda não morreu por consequência desse problema, vai morrer. Quando a situação demonstra que aquela pessoa está, na verdade, apenas aguardando o seu tempo para começar a perder a sua vida ou perder a sua vida de forma definitiva, o Estado tem que agir. A não ser que alguém fale para mim que o vício no crack, quando a pessoa está raquítica, já não tem mais estrutura corporal, que ela não consegue mais reagir, que acha que [isso] está certo, que está ok, que está bacana ver essa pessoa dormindo na rua. Nós temos que providenciar locais de acolhimento para as que tenham condições, é claro, de se recuperar com atendimento psicológico, com assistência, com acolhimento religioso e prática esportiva. Quando tivermos condições de recuperar essas pessoas nesse formato, ótimo. Agora, 10% das pessoas que estão na rua, hoje, não têm a menor condição de reagir porque estão com uma dependência química muito pesada. Se nós não interviermos, elas vão morrer. Se tem algo que aprendemos desde cedo é: sua liberdade acaba quando começa a do outro. Se a pessoa não tem segurança para descer num prédio do centro em um domingo, sem que ela corra o risco de ser xingada, ameaçada, até violentada ou roubada, então, foi tirada a liberdade dela. Desculpe, mas não tem sentido nenhum alegar que a pessoa tem o direito de viver na rua. A rua é pública para todos, é um espaço de todos, não de um único. Se a gente quer dar dignidade e ter uma sociedade ordeira e organizada, onde essas pessoas que estão na rua tenham condições de se recuperar, precisamos tirá-las da rua.
Qual será sua prioridade na educação? O senhor pensa em levar o ensino em tempo integral para todas as escolas?
Sem dúvida. É claro que temos que respeitar porque tem muitas famílias que não querem que o filho permaneça o tempo inteiro na escola. Mas, pensando no ponto de vista da formação, o tempo integral em Londrina, hoje, não é uma escola integral. É em tempo integral, que significa contraturno, para a criança e o jovem permanecerem na escola para práticas e atividades complementares, fora do currículo escolar - como a prática de música, a prática de uma formação ou de uma disciplina complementar. A estrutura pública tem que pensar em nível de excelência no mais alto grau de qualidade de ensino para as crianças. E, se projetarmos ainda que há uma dificuldade enorme em relação às drogas, eu preciso tirar essas crianças da rua. A droga é o mal do bairro, da periferia, regiões centrais também, mas, principalmente, do bairro, da periferia, onde, em regra, tem muita dificuldade de ter atividades alternativas. Se não está na escola, está onde? Está na rua. Começando pelas áreas onde os dados e os indicadores demonstram que precisa de uma entrada mais rápida e mais forte, nós temos que levar essa escola em tempo integral. É claro que nós queremos chegar em todas as escolas, sim, mas obviamente que não é possível fazer tudo de uma única vez, até porque se demandaria um número de contratações enorme.
O senhor quer ter guarda armado na escola, seria mais uma atribuição para a GM (Guarda Municipal)? Como funcionaria isso?
Eu não diria mais uma, porque com certeza absoluta nós vamos diminuir as frentes de ação da guarda municipal ou vamos alterar a sua prioridade. A GM tem uma capacidade de trabalho enorme, ela tem uma diversidade muito grande. A prioridade da GM na minha administração é cuidar do londrinense. E a criança é o que tem de mais precioso e frágil em uma sociedade. A GM precisa dar o suporte necessário para que a gente coloque as escolas em um grau de segurança maior. Até poderia trazer uma parceria com a iniciativa privada, mas eu prefiro contratar e colocar pelo menos um guarda municipal dentro de cada escola.
O seu plano de governo cita rapidamente a questão de moradias populares, propondo parcerias com a Cohapar. O senhor vai buscar recursos também com o governo Lula para construção de casas populares em Londrina? E como ficarão as ocupações irregulares?
Em primeiro lugar, todo recurso é público. E Londrina é a segunda maior cidade do estado do Paraná. O Paraná é a quarta maior economia do Brasil. Então, ninguém presta favor quando manda recurso para nós. O que muitas vezes não se tem é a articulação, inteligência e capacidade de captação de recursos. Nós vamos captar recursos do governo do Estado, do governo federal, de bancos internacionais, de parcerias internacionais. No caso das moradias, a política de habitação do país está lastreada no FGTS, que é dinheiro das pessoas. Precisamos organizar a nossa estrutura para captar esses recursos. Por que o Paraná, hoje, é o estado que mais conseguiu construir habitações a custo baixo e financiamentos longos? Em função do valor de entrada que o Estado paga. Isso nos ajuda a viabilizar ou acessar fundos que nós vamos precisar para resolver o grande problema, que para mim é o mais grave de todos na cidade de Londrina, que são as situações de extrema pobreza e de moradias em situação irregular ou sem qualquer dignidade.
Um desafio do próximo prefeito ou prefeita é diversificar a arrecadação do município. Qual é a sua proposta para esse ponto? E como atrair indústrias para Londrina?
Uma empresa escolhe uma cidade quando ela tem segurança que o processo de instalação vai estar condizente com a velocidade que ela precisa. A maior parte dos investimentos vem ou de fundos, ou de bancos. Então, em regra, você precisa retornar para os investimentos, você tem um prazo de carência. Qual é a chance de eu receber uma empresa em Londrina se, hoje, nós não temos a menor ideia do tempo que ela vai levar para conseguir um alvará? Londrina precisa simplificar os procedimentos, precisa deixar de forma muito clara e transparente qual é o processo e as responsabilidades. Aí, nós vamos dar segurança jurídica. Dando segurança jurídica, vamos partir para o nosso Plano Diretor. Estamos indo para o segundo ou terceiro Plano Diretor que está em discussão, mas que vai passar o prazo dele e os seus complementares não vão ter sido aprovados. Se você não dá segurança para dizer para empresa: “instale-se ao longo da PR-445 duplicada” ou “instale-se na região Norte, na avenida Saul Elkind, na conexão com Cambé”, como que vai ter um grupo de investimento comprando uma área, fazendo loteamento industrial? Se você não tem um loteamento industrial, se você não tem uma política de industrialização, como que você conecta a infraestrutura? É lógico que a política industrial de Londrina não vai acontecer nunca enquanto a mentalidade nossa não for de planejamento, não for de ordem, não for de organização.
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