Política

Rombo em Maringá é de R$ 47 milhões

25 jan 2001 às 11:35

O Tribunal de Contas do Estado detectou o desvio de cerca de R$ 47 milhões (valor não atualizado, que pode passar de R$ 50 milhões com correção) dos cofres da Prefeitura de Maringá. O rombo - apontado no relatório da auditoria nas contas do município - refere-se apenas à gestão do ex-prefeito Jairo Gianoto (PSDB, hoje sem partido), no período de 1997 a 2000. O presidente do TC, Rafael Iatauro, vai divulgar hoje à tarde, de forma detalhada, de que forma eram feitos os desvios, mês a mês.

O montante é consideravelmente maior do que valor apurado pelo Ministério Público de Maringá, que supera a casa dos R$ 30 milhões - dez vezes mais do que a cifra inicial relatada na ação de improbidade administrativa contra Gianoto e seu ex-secretário de Fazenda, Luis Antônio Paolicchi. O relatório vai a plenário na próxima semana e será entregue ao Ministério Público, para dar suporte às investigações.


Além do levantamento da parte financeira e contábil de Maringá, o TC vai continuar apurando nos próximos meses as licitações e convênios na gestão de Gianoto. Com isso, os valores devem aumentar e podem ficar próximos a R$ 100 milhões, conforme a Folha já havia divulgado no final do ano passado.


O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, Laerzio Chiesorin Júnior, é o responsável pela auditoria feita nas contas de Maringá. Ele e sua equipe de técnicos fizeram o cruzamento de dados de saída e entrada de dinheiro da prefeitura nos últimos quatro anos.


Paolicchi, preso em Maringá desde dezembro do ano passado, está sendo investigado por quatro crimes: formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Mesmo a auditoria do TC tendo comprovado desvios durante a gestão de Gianoto, as contas de 97 e 98 foram aprovadas. O relatório vai agora embasar a avaliação das contas de 99.


O relatório referente às contas de Londrina - que investiga a gestão de Antonio Belinati (PFL, hoje sem partido), de 1997 a 2000 - está em fase final de elaboração. O responsável pelas investigações é José Rubens Cafarelli. As apurações são mantidas sob intenso sigilo e nenhum dado parcial foi adiantado, ao contrário de Maringá. A Folha apurou que o próprio presidente do órgão está tendo dificuldades para obter informações sobre o andamento das investigações em Londrina.


A entrega dos relatórios está sendo feita com atraso. A previsão anterior dos técnicos do TC era repassar os relatórios a Rafael Iatauro no início deste mês.


O relatório de Londrina seguirá o mesmo trâmite de Maringá e será submetido a julgamento no TC. Posteriormente, servirá de base para o julgamento das contas do ex-prefeito Antonio Belinati. O Ministério Público investiga fraudes em contratos e licitações envolvendo a AMA (Autarquia Municipal do Meio Ambiente) e a Comurb (Companhia Municipal de Urbanização) e já comprovou que houve desvios. Por conta das denúncias, Belinati está com a avaliação de suas contas suspensas até que a auditoria do TC seja concluída.

José Aparecido da Cruz (promotor do MP em Maringá) e Bruno Galatti (promotor em Londrina) estiveram ontem em Brasília (DF) em busca de provas de ligações entre Paolicchi e o empresário-doleiro de Londrina Alberto Youssef.


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