Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostram o deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara, oferecendo ajuda ao doleiro Alberto Youssef, preso no mês passado pela Operação Lava Jato. O petista teria atuado no Ministério da Saúde em favor de um laboratório de fachada de Youssef. Ambos negam as acusações.
O teor das conversas foi revelado ontem pela revista Veja. Youssef é acusado de operar um esquema de lavagem de dinheiro e de ter atuado em negociações sob suspeita com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, também preso.
Conforme a reportagem, Vargas e Youssef conversaram em 19 de setembro de 2013 sobre um contrato de R$ 150 milhões para fornecimento de remédios entre o ministério e a Labogen, empresa de fachada do esquema do doleiro, segundo a PF. Youssef disse a Vargas: "Cara, estou trabalhando, fica tranquilo. Acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer... Tua independência financeira e nossa também, é claro..."
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Um dia depois, segundo a revista, o doleiro pediu ajuda a Vargas. "Estou enforcado. Preciso de ajuda para captar... Tô no limite", disse Youssef. O vice-presidente da Câmara afirmou que iria "atuar".
No mesmo dia, o doleiro mencionou uma "visita dos técnicos MS às 14h30", sigla do Ministério da Saúde. Em nova mensagem, Youssef disse a Vargas: "Terminou a visita. Fomos bem. Temos que aguardar o relatório". O vice-presidente da Câmara responde: "Vamos cobrar. Preciso do retorno sobre a estruturação".
Vargas e Youssef dizem se conhecer de Londrina. Na terça-feira, reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que o vice-presidente da Câmara usou um jato pertencente ao doleiro para viajar de férias com a família para o Nordeste. O deputado divulgou mais de uma versão a respeito do assunto e, na quarta-feira, afirmou na tribuna da Câmara que foi "imprudente" e que cometeu um "equívoco". Vargas nega ter cometido irregularidades, assim como Youssef. O Ministério da Saúde não chegou a assinar contrato com a Labogen.