Política

Requião quer Ministério Público investigando denúncias

25 abr 2001 às 12:13

O senador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que irá pedir providências ao Ministério Público e apuração rigorosa das denúncias de grampos e escutas telefônicas em residências e comitês partidários durante campanhas eleitorais. Em entrevista à Folha, o cabo Luiz Antonio Jordão afirmou ter tido conhecimento de um grampo feito durante a campanha de reeleição do governador Jaime Lerner (PFL), em 1998. De acordo com Jordão, foi detectada - por escuta telefônica - uma distribuição de panfletos (provavelmente apócrifos) do PMDB em diversos municípios do interior do Paraná. Teria sido montada uma operação "de guerra" pelo comitê de campanha de Lerner e os panfletos foram recolhidos em postos da Polícia Rodoviária Estadual e praças de pedágio.

O grampo teria sido feito pelo ex-funcionário da Chefia de Gabinete do Palácio Iguaçu, Gilberto Maria Gonçalves. Requião nega ter conhecimento de distribuição de panfletos apócrifos, mas disse que se recorda de jornais feitos pelo PMDB recolhidos arbitrariamente em vários municípios. "Prenderam jornal do partido. Se eram apócrifos eu não sei", argumentou.


Requião disse que - de qualquer forma - pode-se comprovar que houve crime eleitoral, já que Gonçalves era detentor de um cargo em comissão no Palácio Iguaçu e trabalhava em comitês. "Como é possível alguém como funcionário do Estado prestar serviços à campanha eleitoral?", questionou o senador. Ele acusou o Estado de utilizar a máquina administrativa para grampear comitês de pessoas, interna e externamente.


O senador responsabilizou o secretário Gerson Guelmann e o coronel Luis Antonio Borges Vieira pelos grampos e disse não acreditar que o governador Jaime Lerner não tivesse conhecimento das escutas clandestinas. "Ele (Lerner) tem que saber tudo o que acontece em seu gabinete. Se ele não sabe, talvez não tenha ciência exata do que é ser governador. Talvez ele não saiba nem que é governador do Paraná", ironizou.

O secretário de Estado da Administração e Previdência Social, Ricardo Smijtink, afirmou ontem que qualquer funcionário que tenha cargo em comissão no Palácio Iguaçu e queira participar de campanha é desligado do serviço público para trabalhar em comitês. Isto teria ocorrido com o técnico em telefonia, Gilberto Gonçalves. O secretário disse que o Diário Oficial está à disposição do Ministério Público.


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