O senador Roberto Requião (PMDB) fez uso da palavra na tribuna do Senado, nesta quinta-feira (28), para alertar sobre um possível superfaturamento do trem bala Rio São Paulo. Mesmo com o nome, a linha também passaria pelo Paraná, local onde o projeto estaria sendo orçado acima da realidade de mercado.
Requião disse ter recebido comunicação intitulada "Está sobrando bala no trem Rio-São Paulo", em que o engenheiro ferroviário Paulo Ferraz denuncia a supervalorização do projeto do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo. Requião explicou que o engenheiro é o responsável pelo trecho ferroviário entre o Paraná e Santa Catarina após a privatização.
Nesta comunicação, o engenheiro Paulo Ferraz alerta para o sistema de Parceria Público-Privada (PPP) que está sendo utilizado para aumentar o valor da obra utilizando dinheiro público. Ele observou que o orçamento inicial do projeto do trem-bala era de R$ 18 bilhões, valor consolidado depois de décadas de estudos. A partir do argumento de que o país não tem dinheiro para infra-estrutura, o governo adotou a ideia das Parcerias Público-Privadas (PPP). O engenheiro explicou que a fórmula utilizada divide o custo da obra em 70% para o BNDES; 10% para os fundos de pensão em empresas públicas, funcionalismo federal; e os 20% restantes são da iniciativa privada.
"A partir daí começa a disparar o preço estimado da obra. Fala-se agora em R$ 33 bilhões, mas existe no ar o alerta de que pode chegar a R$ 50 bilhões. Na modalidade de PPP teríamos R$ 24,6 bilhões de dinheiro público, podendo chegar a R$ 40 bilhões. Só com essa verba pública, poderíamos fazer a obra ainda com folga para gastar numa inesquecível festa de inauguração. E os 20% do investimento privado seriam dispensáveis, mas eles receberiam de presente a obra para operar", leu Requião.
O engenheiro afirma não ser contra a construção do trem de passageiros Rio-São Paulo e, ao contrário, ser um antigo defensor da obra. Ele ressaltou que, no entanto, o preço é exorbitante. Segundo Paulo Ferraz, seria possível implantar o projeto do trem de alta velocidade Rio-São Paulo e, dentro do orçamento de R$ 50 bilhões, ainda construir 10 mil quilômetros de novos ramais de linhas férreas em áreas estratégicas para o país e para o Mercosul.