Levantamento fiscal feito pela Receita Federal (RF) sobre a movimentação financeira do doleiro Alberto Youssef e sua empresa Youssef Câmbio e Turismo revelou que o doleiro não declarou a movimentação de US$ 53 milhões entre 1996 e 1999, na agência do Banestado de Nova York. O dinheiro teria passado por uma conta pessoal de Youssef, outra da empresa June International Corporation, da qual o doleiro é procurador, e pela conta da empresa Drake Import/Export.
O levantamento, concluído no final de 2002, só foi revelado ontem pelo procurador da República Mário Ferreira Leite, que instaurou um procedimento para averiguar a origem do dinheiro não declarado pelo doleiro. Pela movimentação não declarada, Youssef foi autuado pela Receita em R$ 123 milhões - R$ 118 milhões referente às empresas e R$ 5 milhões da pessoa física. ''São recursos sem origem declarada perante o fisco. Se ele não indicou a quem pertenceria supõem-se que sejam dele'', disse Leite.
Como parte da investigação, o procurador tomou na última quarta-feira, em Curitiba, o depoimento do ex-gerente do Banestado de Nova York, Ércio dos Santos. ''Ele se recusou a prestar mais informações sobre os clientes e a operação em Nova York alegando que pela legislação americana não poderia revelar. Ocorre que o sigilo já foi quebrado não só no Brasil como nos EUA, é um fato que envolve recursos brasileiros e ele tem o dever de falar sobre o que tem conhecimento'', afirmou o procurador. Leite solicitou ontem à Polícia Federal (PF), a abertura de um inquérito para apurar falso testemunho do ex-gerente.