Política

Quase um terço dos passageiros do transporte público de Curitiba são da Região Metropolitana

17 nov 2014 às 16:25

A Pesquisa de Origem e Destino feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que os passageiros que se deslocam de ou para municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) representam 31,2% das viagens dos ônibus da Rede Integrada de Transporte (RIT).

Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (17/11), em Curitiba, pelo diretor de Transportes da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), André Fialho, e a consultora da Fipe, Vera Beznos. O coordenador-geral, Carlos do Rego Almeida Filho, e o diretor presidente da Comec, Luiz Alberto Pereira Alves, também acompanharam a apresentação.


Até agora, a Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs), que administra o transporte coletivo na capital, e a Comec, que administra o transporte integrado nos municípios da RMC, estimavam em 21,7% a participação do passageiro metropolitano na RIT. O novo porcentual deve alterar os cálculos do valor da tarifa técnica e do subsídio repassado pelo Governo do Estado ao sistema. "A ideia é mantermos a política de integração por meio do subsídio, mas agora temos uma ferramenta técnica para auxiliar a negociação com a prefeitura de Curitiba", explicou Fialho. "Esses números também vão ajudar a estabelecer uma política tarifária mais perene, incluindo a isenção pelo Estado dos impostos que incidem sobre a tarifa", afirmou.


Fialho ressalta que a pesquisa também aponta para a necessidade da integração entre linhas que ligam municípios da RMC sem passar pela capital. "O estudo captou a demanda dos passageiros com relação à integração de novas linhas. Observamos que muitos saem de sua cidade e vêm até Curitiba para então ir a outro município", disse. "Vamos agora analisar a viabilidade econômica e técnica para incluir essas novas ligações e também estudamos a possibilidade de integrar outros municípios da RMC", destacou.


METODOLOGIA – Prevista no convênio que estabeleceu o subsídio concedido pelo Estado para a manutenção da rede integrada, firmado entre governo e Prefeitura de Curitiba, a pesquisa de Origem e Destino foi contratada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedu) e pela Comec.


De março a outubro deste ano, a Fipe analisou o deslocamento dos passageiros dos 14 municípios que fazem parte da RIT. Foram entrevistados 128.655 passageiros de todas as linhas da rede e também de linhas não integradas de Curitiba, Almirante Tamandaré, Araucária, Bocaiuva do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Contenda, Fazenda Rio Grande, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, São José dos Pinhais, Pinhais e Piraquara. O número de entrevistados representa mais de 10% do total de passageiros da rede de transporte, que é de cerca de 1,2 milhão de pessoas por dia. Foi a primeira vez desde a criação da RIT, em 1979, que foi feito um levantamento desse porte e com essa metodologia. "A amostragem foi bastante significativa, pois incluiu as diferentes faixas de horário de ônibus e todas as linhas que compõem a RIT. Foram 666 locais de pesquisa", explicou a consultora da Fipe.


Vera Beznos ressaltou que a aplicação da pesquisa foi feita em duas partes: nas estações tubo e terminais, a pesquisa foi feita na catraca, para acompanhar o passageiro que estava ingressando no sistema integrado. Já nas linhas de alimentadores, a abordagem foi com os passageiros já embarcados nos ônibus. "Outra preocupação foi acelerar o trabalho de campo para evitar fazer a amostragem durante a Copa do Mundo, que seria um período atípico no movimento de passageiros", comentou a pesquisadora.


CONVÊNIO – O resultado da pesquisa de Origem e Destino será usado para estabelecer as bases de um novo convênio. O acordo atual se encerra em dezembro. Hoje, a tarifa técnica (soma dos custos, sem subsídio) do transporte coletivo apenas para Curitiba é calculada em R$ 2,93 e, apenas para a RMC, em R$ 4,07. Na Rede Integrada, a tarifa técnica é de R$ 3,18. O custo do passageiro da RMC, expresso na tarifa técnica, é levado em conta na definição do valor do subsídio. A pesquisa mostrou, no entanto, que o volume de passageiros da RMC é bem maior do que o estimado, o que reduz custos do sistema metropolitano.

Com o resultado da pesquisa, a Comec deverá renegociar com a Urbs as bases das novas tarifas técnicas, para renovação do convênio entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Curitiba. Novo cálculo estima uma tarifa técnica, apenas para a RMC, de R$ 2,85.


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