Com três dias de atraso, o PT saiu nesta sexta-feira (23) em defesa do relatório apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG) com as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. Nota assinada pelo líder do partido na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), rebateu as críticas feitas ao documento de mais de cinco mil páginas, que propõe o indiciamento de 46 pessoas, e foi divulgado na madrugada de terça-feira.
Ao sair em defesa de Cunha, Tatto contestou as acusações feitas pelo governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, que divulgou nota na quinta-feira com críticas pesadas ao relator. Cunha propôs o indiciamento do tucano por seis crimes. Para Tatto, a reação de Perillo é uma "tentativa desesperada de salvar seu mandato e seu governo, em razão dos vínculos estreitos e perigosos mantidos com a organização criminosa chefiada por Cachoeira".
"O relatório demonstra com riqueza de detalhes, substanciado em provas amealhadas pela Polícia Federal durante vários meses de investigação e em documentos em poder da CPMI, que o governador Marconi Perillo havia firmado, já durante a campanha que o levou ao governo de Goiás, uma verdadeira parceria política e econômica com a sociedade Delta/Carlos Cachoeira naquele Estado", escreveu Tatto.
Na quinta, Perillo divulgou nota em que acusa Odair Cunha de ter produzido "uma peça de ficção elaborada exclusivamente como instrumento de vingança"."Não há revanchismo, perseguição ou espírito de vingança por parte do relator. O relatório final da CPMI retrata uma situação que já se mostrava pública. Caberá agora ao governador explicar à sociedade brasileira o motivo que levou seu governo ser partilhado e, em grande parte, conduzido efetivamente pelo chefe de uma das maiores organizações criminosas já estruturadas no país", rebateu nesta sexta o líder petista, na nota.
Em nota, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou que o relatório final da CPI é uma ação do PT para se defender após o julgamento do mensalão. Para ele, há uma "ação deliberada" contra o PSDB e o governador Perillo. Guerra criticou ainda o pedido de investigação do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, e o indiciamento do jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja. Para ele são "retaliações puras e simples".
"A CPI do Cachoeira tomou um rumo incoerente e sinuoso, cujo o resultado é a não investigação. O relatório final apresentado é uma colcha de retalhos na qual fica reproduzida uma ação deliberada contra o PSDB e o governador Marconi Perillo, em meio à proteção dos verdadeiros envolvidos no escândalo, que começa no contraventor Carlos Cachoeira e avança para as múltiplas intervenções da Construtora Delta pelo Brasil afora", afirmou o presidente do PSDB.