O atual governador do Paraná, Roberto Requião, que pode ser o candidato do PMDB à presidência da República, colocará como eixo do programa do partido a defesa do trabalho e do capital produtivo. "Isso em contraposição ao capital vadio, o capital financeiro, que no Brasil rende muito mais do que uma indústria", afirmou, durante convenção do PMDB para definir quem dirigirá a legenda no Estado de São Paulo pelos próximos dois anos.
Ele reforçou que a decisão do partido sobre candidaturas próprias ou alianças será definida apenas em junho, durante convenção nacional do PMDB. Mas observou que, seja qual for a escolha, terá de privilegiar um programa de governo que prioriza "aumento salarial, redução de impostos, criação de uma moeda sul-americana, controle do preço do dólar e rompimento com o mando do capital vadio".
Se o PMDB eventualmente optar por uma aliança, em vez de candidatura própria, Requião se diz "muito mais inclinado ao PT", por gostar da política social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Na hipótese de o PMDB sair com um presidenciável, Requião brincou que o PT crie "uma lista sêxtupla" para indicar um vice, "desde que não tenha nenhuma personalidade do Banco Central".
Sobre José Serra (PSDB-SP), que recebe apoio do PMDB e de quem Requião se diz amigo, o governador do Paraná disse que representa um "belo quadro da política brasileira", mas afirmou que a restrição quanto ao político é "o liberalismo econômico que o cerca e o próprio PSDB".
Questionado se sua candidatura à Presidência se enfraqueceria se o PMDB não indicasse um candidato próprio para o governo de São Paulo, Requião disse apenas que não vê a questão de modo "maniqueísta". "Essa questão o diretório do partido vai resolver", afirmou.