A maioria dos partidos na Câmara, incluindo os dois principais da oposição – PSDB e DEM –, anunciaram nesta quarta-feira apoio à candidatura do deputado Marco Maia (PT-RS) à Presidência da Casa. O anúncio foi feito pelos atuais líderes das legendas. Não participaram do anúncio o PSB, o PCdoB e o PDT.
Marco Maia afirmou que o apoio dos partidos consolida o princípio da proporcionalidade na definição da Presidência da Casa, o que, na prática, representa respeito ao resultado das urnas. A decisão dos partidos, segundo ele, facilitará o "bom andamento dos trabalhos na Casa. "Nós queremos que haja uma estabilidade na Câmara nos próximos quatro anos".
O líder do PSDB, João Almeida (BA), afirmou que o objetivo da oposição é evitar "disputas estéreis" na Casa nos próximos anos. Almeida destacou ainda que a decisão visa garantir espaço para que a oposição exerça seu papel adequadamente. "Se a situação resolve montar um bloco que represente apenas sua posição, em uma situação extrema, pode afastar a oposição da composição da mesa. O eleitor já disse nas urnas que quer situação e quer oposição e deu plenas condições de a oposição existir e fazer-se representar", afirmou.
O líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), também acredita que a decisão dos partidos de apoiar a candidatura de Marco Maia vai fortalecer o parlamento, pois significa o respeito ao princípio da proporcionalidade. Bornhausen lembra que esse princípio também será respeitado na composição da Mesa Diretora, demonstrando a consciência dos partidos de que a direção da Casa deve refletir o resultado das urnas.
O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que a busca por uma candidatura de consenso, que represente a instituição, é legítima e democrática. Ele parabenizou a oposição pelo gesto e afirmou que a base do governo vai procurar todos os partidos para que o consenso se consolide. Na avaliação dele, o gesto mostra maturidade e evitará candidaturas avulsas, que podem distorcer o processo.
Escolha da candidatura
Marco Maia foi escolhido oficialmente como candidato do PT no último dia 14. Ele disputou a indicação com o atual líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), e os ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia (SP) e João Paulo Cunha (SP). Todos, no entanto, abriram mão de concorrer ao cargo.
Marco Maia, que era 1º vice-presidente da Câmara, assumiu a Presidência da Casa, depois que Michel Temer renunciou ao cargo no último dia 16 para ser diplomado vice-presidente da República.
Tradição
Pelo Regimento Interno da Câmara, o partido com a maior bancada preside a Casa. No entanto, acordos entre os partidos podem prever o lançamento de um candidato de partido que não tenha maioria. Segundo a tradição, alguns partidos e candidatos avulsos podem disputar o cargo de presidente, como já ocorreu em eleições anteriores.
O PT terá na próxima legislatura, que começa em 2011, o maior número de deputados (88), seguido pelo PMDB (79). Os dois partidos fizeram um acordo, no entanto, para se revezarem no comando da Casa. Cada legenda ocupará a Presidência por dois anos.