A sessão plenária da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná foi marcada na tarde desta segunda-feira (11) por discursos de deputados de diferentes espectros políticos em repúdio ao assassinato em Foz do Iguaçu (oeste) cometido pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, que atirou e matou o guarda municipal e militante do PT, Marcelo Arruda. Os parlamentares lamentaram o crime de ódio em meio a polarização política.
A oposição protocolou um requerimento na Casa com pedido ao Executivo de abertura de uma Comissão para acompanhamento da investigação do assassinato ocorrido em Foz do Iguaçu. Emocionada, a deputada Luciana Rafagnin (PT) leu o currículo do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores no município e repudiou a violência cometida pelo policial penal.
"Marcelo tinha o respeito de todos porque também respeitava a todos. Ele lutava por uma sociedade justa e fraterna. Ele comemorava seus 50 anos numa associação esportiva, mas foi assassinado brutalmente por um apoiador de Bolsonaro que não era convidado da festa. É lamentável que o ódio tenha se propagado tanto nos últimos tempos. Infelizmente a intolerância tem contaminado pela ignorância e irresponsabilidade por quem ocupa a mais alta esfera e governa nosso país ."
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Eleito pela região de Foz do Iguaçu, o deputado Soldado Fruet (Pros), que é apoiador declarado do presidente Bolsonaro, repudiou o atentado. "Essa semana começa com uma notícia pela idiotice do extremismo. A democracia não aceita o que ocorreu na minha querida cidade de Foz do Iguaçu. Um partido não faz uma pessoa. A direita e a esquerda devem defender sua ideologia. Eu, Soldado Fruet, sou sim bolsonarista e de direita, mas mesmo com essa convicção partidária tenho eleitores de esquerda. Nada pode justificar o atentado como que ocorreu em nossa cidade. A que ponto chegamos um aniversário, momento de alegria, terminar como uma tragédia dessas?", criticou.
O deputado Professor Lemos (PT) apontou que há uma escalada da violência e relembrou o episódio de ataque ao ônibus da Caravana do ex-presidente Lula, que foi alvo de disparos em março de 2018 entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. "Essa escalada precisa ser contida. Isso não faz bem à população do nosso país. Não é culpa da polarização. Já tivemos polarização por décadas com PSDB e nunca vimos episódios de agressão. O debate tem que ser maduro, no campo das ideais e respeitando o resultado."
A deputada Mabel Canto (PSDB) disse estar preocupada pela segurança de todos, após o crime ocorrido em Foz do Iguaçu por intolerância política. "Cabe a todos subirmos à tribuna, termos responsabilidade com nossas palavras para não inflar ainda mais essas pessoas que estão lá fora, esses bandidos que estão lá fora, e distanciar cada vez mais nossa população."
Ainda durante o pequeno expediente, os deputados Goura (PDT), Tadeu Veneti (PT), Professor Lemos (PT), Nelson Luersen (União), Nereu Moura (MDB), Reichenbach (PSD) e Michele Caputo Neto (PSDB) fizeram o uso da palavra para repudiar o crime cometido pelo apoiador do presidente contra o militante petista.
VERSÕES
Bolsonarista de primeira hora, o deputado Ricardo Arruda (PL) não repudiou o episódio em Foz do Iguaçu, acusou o Partido dos Trabalhadores de agressão e ainda tentou defender o autor dos disparos. "Quem tem que investigar é a polícia e não a Assembleia. Quem estimula e gera toda a violência nesse país são os movimentos de esquerda, e o MST. Esse crime não tem a ver com o Bolsonaro e o PT. Esse é o crime é corriqueiro no país. Foi uma fatalidade de ignorância das duas partes."
O presidente da Casa, Ademar Traiano (PSD), pontuou que a comissão aberta não terá poder de investigar, mas de acompanhar o crime em Foz. "Nós acreditamos na polícia e na Justiça. A assembleia não irá investigar ninguém, mas é uma situação atípica e não vejo nenhuma razão para negar a abertura da comissão."