A pequena cidade de Barra do Jacaré, no Norte Pioneiro do Paraná, destacou-se entre todos os outros 398 municípios do estado nas eleições de 2024. Com 2.862 eleitores aptos a votar, a diferença entre os candidatos à prefeitura Fabiano Zanatta (PDT), professor universitário e estreante em eleições municipais, e Edimar Albonetti, o Edão (PP), atual prefeito, foi de apenas dois votos: 1.229 (50,04%) a 1.227 (49,96%), respectivamente.
Zanatta venceu o pleito, desbancando o rival e veterano na política. No entanto, pode-se dizer que a decisão ficou na mão de um único eleitor, já que se um munícipe que escolheu Zanatta votasse em Edão, o atual prefeito estaria reeleito, por ser o candidato mais velho, pelo critério imediato de desempate.
Edão tem um histórico vasto na política de Barra do Jacaré. Ele foi vereador por dois mandatos, de 1996 a 2004, vice-prefeito de 2004 a 2008, prefeito reeleito, de 2009 a 2016, voltou à prefeitura em 2021 e tentava a reeleição para o quarto mandato em 2025.
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Já Zanatta não tem histórico em eleições municipais passadas, apenas participações em comissões vinculadas a secretarias do estado e uma tentativa de se eleger a deputado estadual em 2022, quando teve 957 votos. Ele é professor do curso de Enfermagem no Campus Luiz Meneghel da UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e busca "renovação".
Diferentes reações ao resultado
Os dois concorrentes encararam o resultado apertado de diferentes maneiras. Enquanto o atual prefeito diz ter ficado surpreso, o professor universitário afirma que não se assustou com os números.
"É uma margem histórica no município e raro, mas eu não recebi isso como forma de susto ou desespero. A intenção era vencer, fosse por um ou dois votos. Eu só tive que aguardar um resultado confiável, porque muitas pessoas falavam que eu tinha perdido e outras que eu tinha ganhado, tanto que demorei um pouco para chegar ao local de comemoração", conta Zanatta.
Já Albonetti, mesmo surpreso, ressalta que não questiona os resultados e que deseja uma boa gestão para o seu adversário político.
"Todo mundo ficou surpreso, a diferença é pouca demais, Deus me livre (risos). Eu acho que uma eleição como essa vai ser difícil o povo esquecer. Mas o importante é estarmos vivos, com saúde e respeitar [o resultado]. Vida que segue. Que faça uma boa gestão", deseja o atual prefeito.
O político analisa que o seu grupo de apoiadores poderia ter feito mais para "virar" alguns votos, mas reafirma que não culpa ninguém pela "mágica imprevisível da política".
"O mundo da política é mágico. Como prefeito, fiz um bom trabalho. Fiz uma política limpa e tranquila, acreditando nos projetos para o município. Então, acreditei que poderia ganhar a eleição. Acho que faltou um pouquinho a mais de cada pessoa do nosso grupo, mas agora não adianta chorar, não tem mais jeito. Infelizmente deu errado."
Desafios futuros
Zanatta, que assumirá o Executivo de Barra do Jacaré a partir de 2025, terá que enfrentar uma Câmara dos Vereadores repleta de adversários políticos. Das nove cadeiras que o município dispõe, cinco são ocupadas por vereadores da base de Edão. Ele espera, porém, uma gestão tranquila.
"Temos um plano de governo com projetos importantes e transformadores para Barra do Jacaré. Não creio que teremos problemas com aprovação desses projetos, porque acredito que os vereadores que foram eleitos estão verdadeiramente preocupados com o desenvolvimento do município."
O plano do futuro prefeito é permitir ações com a identidade dos munícipes. "O povo pode esperar um mandato histórico e transformador, que amplie a gestão do mínimo. Temos projetos desenhados com a cara de Barra do Jacaré e que, a partir de conquistas de emendas parlamentares, serão executadas."
Edão salienta que não utilizará de sua influência na Câmara para dificultar o governo de Zanatta. "A minha política é do bem. Não gosto de politicagem. Essa questão de ficar se intrometendo não é do meu perfil, nunca foi. Eu fiz a maioria [dos eleitos] na Câmara, mas os vereadores têm mais que aprovar os projetos, os projetos bons. Eu amo a minha cidade!", afirma.
Acusações
Mesmo com o "passe livre" para governar dado pelo influente atual prefeito, o professor universitário garante que durante as eleições teve diversos problemas e "sofreu com perseguições".
"Disputar contra a máquina pública em que se tem todos os cargos comissionados e todos os contratados também atuando como cabos eleitorais do prefeito não é algo fácil. Passei por uma campanha de difamação, foi tenso e complicado", relembra Zanatta.
Questionado, Edão nega qualquer manobra política para se perpetuar no cargo. "Tocamos [a prefeitura] normalmente. A saúde não parou, porque não pode parar. A educação tem que funcionar. O setor rodoviário não pode parar. Foi tudo normal", explica-se.
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