A ex-primeira-dama de Maringá, Neusa Gianoto, confirmou ao promotor José Aparecido da Cruz, que recebia mesadas mensais da prefeitura, mas garantiu desconhecer a origem do dinheiro ou mesmo o esquema de desvio.
Ela é mulher de Jairo Gianoto (sem partido, afastado) e foi citada no depoimento do ex-secretário de Fazenda, Luis Antônio Paolicchi, no dia 12 de dezembro na Justiça Federal. Segundo Paolicchi, Neusa recebia em torno de R$ 10 mil mensais. No início da administração, disse Paolicchi, o dinheiro era depositado direto na conta dela. Depois Neusa ou alguma funcionária pegava o dinheiro em espécie na secretaria.
Durante quase duas horas em que esteve com o promotor, Neusa pouco acrescentou aos fatos que o Ministério Público já levantou. Acompanhada de um dos advogados de Gianoto, Antônio Mansano Neto, ela disse que a mesada era usada para pagar despesas da família. A ex-primeira-dama garantiu ainda ao promotor que desconhece qualquer desvio que tenha beneficiado o marido. Mesmo porque disse não participar da administração dos bens da família.
Gianoto tem duas fazendas que totalizam cerca de 460 hectares em Nova Mutum (MT), um haras em sociedade com o irmão em Mandaguaçu e um avião bimotor. Os bens, avaliados em cerca de R$ 2 milhões, estão indisponibilizados pela Justiça.
O ex-secretário é o principal acusado pelos desvios de dinheiro da prefeitura. O valor deve passar de R$ 100 milhões até o final das investigações, que cobrem todo período que Paolicchi esteve na administração, cerca de 15 anos. Preso desde o dia 7 de dezembro, o ex-secretário pediu à Justiça uma auditoria nas declarações do Imposto de Renda, na tentativa de justificar a evolução do patrimônio. Paolicchi tem fazendas, chácaras, aeronaves, veículos e uma mineradora. O patrimônio, que pode chegar a R$ 15 milhões, está indisponibilizado pela Justiça.
Leia mais em reportagem de Marcos Zanatta na edição da Folha do Paraná/Folha de Londrina desta sexta-feira