Político de baixa expressão por 30 anos, Jair Bolsonaro prometeu virar a mesa das relações políticas em Brasília ao se eleger na onda antissistema de 2018. Ao contrário disso, reforçou o modelo existente. Juiz federal por mais de 20 anos e ministro desse mesmo Bolsonaro por 16 meses, Sergio Moro promete repetir a tentativa caso vença a corrida eleitoral do ano que vem.
Para além das indicações dadas no discurso de quase 50 minutos da filiação de Moro ao Podemos, no último dia 10, a reportagem conversou nos últimos dias com aliados do ex-juiz sobre a seguinte questão: como, em caso de vitória, obter apoio legislativo sólido em um cenário em que a maioria do mundo político, da esquerda à direita, o rejeita?
Tanto no discurso lido em um teleprompter no dia 10 como na fala de seus correligionários posteriormente sobressai um argumento quase único, o de que bastará uma nova postura, um novo jeito de se relacionar com congressistas, em suma, uma nova política para que as placas tectônicas de Brasília se movam em favor do ex-comandante da Lava Jato.
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Isso em um cenário atual em que bilionárias emendas parlamentares decidem votações e em que o nome do ex-ministro é fortemente rejeitado por oposição, centrão e bolsonaristas, donos de nada menos do que cerca de 70% da atual composição da Câmara dos Deputados.