O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse na noite desta segunda-feira (28), em São Paulo, que foi formada uma comissão para investigar a parceria com o laboratório Labogen. Segundo ele, participam da apuração, além de funcionários do próprio ministério, servidores da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Defesa.
Estava em análise uma proposta para que o Labogen atuasse como fornecedor do laboratório da Marinha no desenvolvimento de um remédio encomendado pelo Ministério da Saúde. A empresa, no entanto, aparece no inquérito da Polícia Federal (PF) sobre um esquema de lavagem de dinheiro que, segundo as investigações, era comandado pelo doleiro Alberto Youssef.
"Dias antes de sair na imprensa, nós fomos notificados [pela PF e pelo Ministério da Justiça] que havia um processo de investigação e solicitaram informações. A partir desse momento, tivemos acesso ao inquérito preliminar e, imediatamente, tomamos as providências", ressaltou Chioro.
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Segundo o ministro, a parceria foi cancelada antes de qualquer pagamento ao laboratório suspeito. "Nós tomamos a iniciativa de fazer o cancelamento e, a partir das conclusões, passaremos por uma série de adequações e melhorias para garantir que as PDPs [parcerias para Desenvolvimento Produtivo] continuem, porque são importantes para o país", acrescentou.
Na semana passada, o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, negou ter qualquer ligação com o doleiro Alberto Youssef. O vínculo foi apontado em algumas reportagens veiculadas em jornais, a partir do relatório da Operação Lava Jato, da PF.
Padilha confirmou, no entanto, que o deputado federal André Vargas tratou com ele, em mais de uma oportunidade, em favor do Labogen. Padilha disse que as propostas apresentadas pelo laboratório foram encaminhadas para os trâmites habituais do ministério. "Se alguém pensou que poderia ultrapassar os filtros do Ministério da Saúde, bateu na porta errada", enfatizou ao ressaltar que a empresa não obteve nenhum tipo de vantagem.
Vargas se desfiliou do PT e corre o risco de enfrentar processo disciplinar na Câmara dos Deputados pelas denúncias de envolvimento com o doleiro, no esquema de lavagem de dinheiro. De acordo com as informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os acusados movimentaram mais de R$ 10 bilhões.