O Juízo da Vara Cível da comarca de Ortigueira, no norte do Paraná, determinou nesta terça-feira (11) o afastamento imediato do secretário municipal de Administração pelo prazo de 180 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. A medida, de caráter liminar, atende a ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada em julho deste ano pelo Ministério Público do Paraná.
A ação foi proposta contra o secretário e sua esposa, a prefeita de Ortigueira, após a exoneração de seis servidores municipais comissionados, que estavam cedidos à Delegacia local, em retaliação pela prisão do diretor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que é aliado político da chefe do executivo. A exoneração foi determinada pelo secretário de Administração em outubro de 2014.
Segundo relata o MP-PR na inicial, os veículos de imprensa da região noticiaram, na época, a prisão temporária do diretor por suposta prática de tortura contra um adolescente que teria, segundo ele, praticado furtos nas redondezas da prefeitura. O servidor público foi preso temporariamente por determinação judicial, para garantir o prosseguimento das investigações.
Leia mais:
Insulto de Janja contra Musk vira munição para bolsonarismo e dor de cabeça para diplomatas no G20
Casa de autor de atentado em Brasília é incendiada em SC; ex-companheira é a suspeita
TCE barra programa de terceirização das escolas de Ratinho Junior
Janja chama autor de atentado em Brasília de 'bestão' e xinga Elon Musk no G20 Social
Quando a notícia da prisão veio à tona, o secretário de Administração (e marido da prefeita municipal) teria ligado para a Delegacia e, em conversa com o delegado, exigiu a liberação do diretor, recebendo resposta negativa. Em represália, então, determinou, horas depois da conversa, a exoneração dos servidores municipais que estavam cedidos à delegacia.
Na ação, o MP-PR ressalta que a exoneração dos funcionários teria prejudicado inúmeros serviços necessários população, já que a delegacia é responsável por mais de 700 inquéritos e 40 presos custodiados, e conta apenas com um delegado, um escrivão e dois investigadores.
Em dezembro de 2014, após investigações, o diretor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi denunciado pelo crime de tortura. A ação penal já está em fase de instrução.
Além do afastamento do secretário em caráter liminar, o MP-PR requer, na ação, a condenação da prefeita e de seu marido por ato de improbidade administrativa, com ressarcimento integral do dano coletivo causado.
Por conta da exigência de vantagem indevida por parte do secretário de Administração, foi instaurado inquérito policial para apurar se houve a prática de crime de concussão. A investigação está em andamento.