A Polícia Civil ainda investiga se o crime teve motivação política. A festa de Arruda era decorada com fotos de Lula e as cores do PT, partido ao qual o guarda era filiado. Segundo o boletim de ocorrência, Guaranho invadiu o local acompanhado da esposa e do filho gritando "Aqui é Bolsonaro".
O aniversariante não conhecia o agente penitenciário, que retornou à festa cerca de 20 minutos depois, sozinho e armado, e disparou contra o Arruda. O guarda revidou e efetuou disparos contra Guaranho. Os dois não sobreviveram aos ferimentos.
Pelas redes sociais, Lula afirmou que Arruda comemorava a chegada dos 50 anos "com a alegria de um pai que acabou de ter mais uma filha". O guarda municipal deixou mulher e quatro filhos, incluindo um bebê.
"Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda", disse Lula.
O ex-presidente também pediu "compreensão e solidariedade" com os familiares de Guaranho, "que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável", referindo-se a Jair Bolsonaro (PL).
"Pelos relatos que tenho, Guaranho não ouviu os apelos de sua família para que seguisse com a sua vida. Precisamos de democracia, diálogo, tolerância e paz", disse Lula.
Testemunha relata invasão de bolsonarista
André Alliana, amigo da vítima, disse ao UOL que a festa transcorria normalmente quando Guaranho chegou em um carro branco, com a mulher no banco de trás, segurando um bebê de colo.
"Achamos que era um convidado, já que também tinha bolsonaristas no local. O Marcelo estava na cozinha e fomos chamá-lo para receber esse homem. Foi aí que vimos que não era brincadeira. Em seguida, ele [Guaranhos] deu a volta de carro, xingou quem estava lá e disse que ia voltar para 'acabar' com todo mundo.
O Marcelo estava com um copo de chope na mão e acabou jogando nele para expulsá-lo do local", disse.
Com medo, Arruda foi até seu carro e voltou com uma pistola, diz Alliana.
"Quinze minutos depois, o cara [Guaranho] voltou sozinho. A esposa do Marcelo, que é policial civil, tentou impedir que ele entrasse na festa. Nisso, o cara começou a atirar. Atingiu a perna do Marcelo e depois atirou no peito dele. O Marcelo também conseguiu atirar nele", diz.
PT lamenta violência
Em nota, o PT lamentou a morte do guarda municipal e diz que tem alertado sobre a escalada de perseguição a parlamentares e filiados a legendas de esquerda no país.
"Embalados por um discurso de ódio e perigosamente armados pela política oficial do atual Presidente da República, que estimula cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários, quaisquer pessoas ensandecidas por esse projeto de morte e destruição vêm se transformando em agressores ou assassinos", disse o partido.
A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, lamentou a morte de Arruda e afirmou que é uma tragédia "fruto da intolerância dessa turma".
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, também escreveu que o guarda municipal é a primeira vítima do "bolsonarismo" durante a campanha eleitoral. "Esse é o resultado da campanha de ódio disseminada pelo presidente do Brasil", disse.
Em nota, a prefeitura de Foz do Iguaçu lamentou a morte de Arruda. O guarda municipal atuou na corporação por 28 anos e também era diretor da executiva do Sindicato dos Servidores Municipais da cidade.
"Agradecemos ao Marcelo Arruda por toda a sua dedicação e comprometimento com o município, o qual nestes 28 anos de funcionalismo público defendeu bravamente, tanto atuando na segurança como na defesa dos servidores municipais", disse o prefeito Chico Brasileiro, em nota. "Desejamos à família, aos amigos e colegas de Marcelo força neste momento de dor.
Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou.