O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 12, que, mesmo sem defender abertamente a reeleição da sucessora, é preciso "fazer muito mais" com a presidente Dilma Rousseff. Em discurso no Fórum Internacional de Direitos Humanos, Lula defendeu as medidas tomadas pela sucessora e disse que o País tem de se orgulhar da eleição da primeira presidente mulher.
"Estejamos certos de uma coisa, nós vamos fazer muito mais. Quem quiser torcer contra, que torça. Eu conheço a Dilma apenas há dez anos, ela foi minha ministra. A mulher que passou pelo que a Dilma passou, que faz o que ela faz, com bom senso que ela tem, vocês podem ficar certos, que este País tem que ter motivo de orgulho pela presidente que nós elegemos", disse o ex-presidente.
No pronunciamento de meia hora, o ex-presidente afirmou que é necessário se ter "consciência" de que há "muito o que fazer". "Nós temos muito o que fazer, mas vamos fazer, se a gente tiver consciência de que isso é uma caminhada e que todos nós estamos juntos", discursou.
Lula elogiou a "coragem" da presidente de enfrentar as manifestações que eclodiram no País a partir de outubro. Ele disse que, quanto mais o povo reivindica, mais querem reivindicar. Após os protestos, Dilma lançou um pacto com várias frentes de atuação, como melhorias para a mobilidade urbana.
O ex-presidente também destacou o fato de Dilma ter lançado o Mais Médicos, um dos carros-chefe da gestão da presidente que, entre outras ações, prevê o envio de médicos de outros países para locais onde os profissionais brasileiros não queiram trabalhar. Para Lula, a elite brasileira achava que pobre não necessita de atendimento médico porque "pode morrer que tem demais". "Nós vamos trazer médico de onde tiver, o que nós queremos é que o povo brasileiro seja tratado com respeito e dignidade", destacou.
Um grupo de 20 índios, durante o discurso de Lula, que estava no local chamou várias vezes o ex-presidente de "traidor". Os manifestantes disseram que Lula enganou os indígenas e quilombolas. O ex-presidente respondeu ao grupo. "Se tem uma coisa que não me assusta é protesto", disse ele, ao se declarar a pessoa que mais protestou no País nas décadas de 80 e 90.