Candidata da Federação Brasil da Esperança (PT/PV/PCdoB) quer reduzir filas nas UPAs e fortalecer programas como o Saúde da Família
A candidata a prefeita Isabel Diniz (PT), da Federação Brasil da Esperança (PT/PV/PCdoB), vai para sua terceira eleição neste ano. Em 2020, foi vice na chapa do PT com Carlos Scalassara e, em 2022, encabeçou o coletivo popular da legenda à Alep (Assembleia Legislativa do Paraná). Diniz é a quarta prefeiturável ouvida pela sabatina do Grupo Folha de Londrina, que segue até 12 de setembro. A versão em videocast está disponível no canal da Folha de Londrina no YouTube.
Entre suas propostas, a candidata defende a retomada das obras do Teatro Municipal, que estão paradas há mais de uma década, e propõe aumentar para pelo menos 3% o orçamento voltado à cultura de Londrina. Diniz quer reduzir as filas nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e o fortalecimento de programas como o Saúde da Família, da Atenção Básica.
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Ela ressalta que sua candidatura “é o time do Lula” na cidade e destaca o apoio das direções estadual e nacional do PT e de lideranças como Gleisi Hoffmann (PT), Arilson Chiorato (PT), Enio Verri (PT) e André Vargas (PT) - além do presidente Lula (PT), seu principal cabo eleitoral.
Confira parte da entrevista:
Isabel, por que a senhora quer ser prefeita de Londrina?
Estar candidata à prefeita em uma chapa 100% feminina é motivo de orgulho e resultado do papel das mulheres no contexto da sociedade. É resultado também da minha prática em fazer política todos os dias, atuando para conhecer diversas realidades da cidade e, principalmente, [para] fortalecer e ampliar a participação e a contribuição das mulheres que já atuam nos diversos segmentos da sociedade, mas que neste momento da história podem contribuir muito na gestão pública.
A obra do Teatro Municipal de Londrina está parada há mais de dez anos. O Zaqueu de Melo também está fechado. Nós temos um Museu de Arte inativo. Esses são pontos que constam no seu plano de governo. Agora, como retomar essas obras paradas?
Um povo, quando fica sem cultura valorizada, quando a arte está abandonada, quando o seu patrimônio histórico é deixado de lado, tem grandes perdas. Então, [vamos] retomar imediatamente a obra do Teatro Municipal, buscando no governo federal, em outros espaços de fundo da cultura, a retomada dessa obra, que tem um papel fundamental. A conclusão da reforma do Zaqueu de Melo e do Museu de Arte é fundamental para que possamos, não só zelar, cuidar do nosso patrimônio cultural, mas também animar, prover e promover a ampliação de atrativos da vida cultural e, principalmente, iniciando pelo orçamento municipal. Hoje, o orçamento da cultura em Londrina é menos de 3%. Nós precisamos retomar os níveis e parâmetros de investimento de, no mínimo, 3%.
A candidata falou de recursos para a cultura. Como aumentar os repasses do Promic?
O Promic é uma política pública implementada pelo PT em Londrina. Então, fortalecer diretamente o Promic, que tem um papel fundamental na cidade de produzir articulado com a educação e criarmos, inclusive, os contraturnos criativos de fortalecimento, de estímulo da cultura, do esporte. É, sem dúvida, uma necessidade de decisão política, de vontade política em aplicar os recursos, em investir, mas também buscarmos as possibilidades no amparo de leis, de recursos que podem ser destinados, inclusive, com a contribuição e participação dos nossos parlamentares. Há também a perspectiva da parceria público-privada.
Quais são suas propostas para reduzir as filas nas duas UPAs que nós temos e na busca do atendimento especializado?
A saúde, do ponto de vista do orçamento, é uma prioridade. A população bem cuidada, retomando serviços específicos como a saúde preventiva, o programa Saúde da Família, que é o agente de saúde, o médico, onde mais precisa. Fortalecer o programa Mais Médicos e a contratação de médicos, uma questão que está muito defasada nas UBSs. É fundamental fortalecer o papel dos agentes de saúde nas especialidades dentro das UBSs. Ampliar, principalmente, o atendimento das nossas unidades para aquelas unidades específicas de 16h e 23h. Isso vai desafogar o papel que a UPA tem, que é a emergência. Então, fortalecendo o servidor público da saúde, ampliando e qualificando esse atendimento, fortalecendo o conselho local de saúde como um mecanismo de controle social, que vai nos ajudar nesse acompanhamento. A construção de novas unidades e a reforma das unidades que estão defasadas, que precisam de reparo para que a pessoa seja bem acolhida, bem atendida, que o espaço físico esteja adequado. A questão das especialidades é o grande vetor que precisamos cuidar. A fila está grande, as especialidades são necessárias. Tem especialidades que nós já podemos aportar diretamente na unidade básica de saúde, como é o caso da pediatria e da psicologia. E, claro, a parceria com as clínicas, com os hospitais, com os profissionais que possam estabelecer parceria para que a gente possa constituir os mutirões.
Como a candidata pretende lidar com o aumento da população em situação de rua em Londrina?
A política pública de atendimento às pessoas em situação de rua é uma situação que precisa ser enfrentada através do diálogo, da constituição de grupos sérios de trabalho, estabelecendo parcerias com vários segmentos da sociedade, com entidades que fazem um trabalho permanente com essa população. Nossa proposta concreta é sentar e dialogar, colocando as secretarias de Assistência Social e de Saúde priorizando, junto com outras demandas, o acompanhamento, a identificação das pessoas, o mapeamento dessa situação. Vale lembrar que a situação de pessoas na rua não está só na área central, ela está presente em todas as regiões. Nós temos muitas pessoas que vivem em situação de rua, que trabalham durante o dia, mas, por questão de segurança, dormem em carros abandonados na extrema periferia. É uma realidade que nós precisamos identificar. De jeito nenhum, a questão e o cuidado com as pessoas em situação de rua tem de ser só caso de polícia. Envolve a segurança, inclusive, das pessoas que estão mais vulneráveis, que estão expostas e que podem ser vitimadas pelo preconceito, violência, repressão, mas também da cooptação para a drogadição, para a questão da criminalidade, que leva a pessoa a estar exposta, a estar vulnerável.
A candidata fala em ampliar a educação em tempo integral. Como aumentar essa cobertura na rede municipal?
Nós precisamos adequar, construir, ampliar espaços físicos para ter educação integral de qualidade. Quando a educação recebe investimento, quando é o carro-chefe de uma gestão, o resultado vem. Vem com a qualificação, com o resultado no desempenho, no desenvolvimento, vem no resultado esportivo, vem no resultado, inclusive, da presença e participação. Londrina está recebendo, já está aprovado no novo PAC, mais uma escola em tempo integral. Então, termos espaços físicos adequados, estruturados, com internet, para estimular a criatividade na nossa criançada, na tecnologia, no desempenho e no profissionalismo. E, sobretudo, aplicar os recursos que o orçamento municipal têm se houver necessidade de adequação dos espaços, da qualificação dos quadros que estão nas nossas escolas.
Qual é a sua proposta para a administração dos distritos de Londrina?
Primeiro compromisso é fortalecer a Secretaria da Agricultura como um espaço de presença, de diálogo, de assistência técnica, de motivação, de incentivo, de retomada da vida social e cultural. Fortalecer as festas dos nossos distritos, as festas temáticas, fortalecer a economia através da agricultura familiar, que é a grande vocação de Londrina. Nós temos uma enorme produção criativa de produção de alimentos e que pode ser fortalecida com as micros agroindústrias presentes, mas fortalecer, em diálogo com as comunidades, essa ligação, essa integração das comunidades, dos distritos rurais e da sua população, como uma parte integrada da gestão. O grande desafio dos distritos é a questão do transporte, das estradas bem conservadas, inclusive aquelas vicinais que vão direto na propriedade, na casa daquelas pessoas, e o cuidado também com as estradas principais. Fortalecer, acima de tudo, as associações das comunidades, os conselhos locais, para que possam abrir diálogo e fazer essa interlocução.
Candidata, o seu plano de governo fala em priorizar a construção de moradias populares. Fala também na regularização fundiária para as famílias de baixa renda. A Prefeitura consegue executar esses projetos ou depende de auxílio estadual e federal? Qual será o papel da Cohab?
Imediatamente, fortalecer o papel e atribuição da Cohab, que tem um papel histórico, sabe fazer e já deu conta disso. Fortalecer e valorizar os servidores da Cohab, que são pessoas técnicas de competência e de qualidade. Formularmos as propostas e os projetos imediatos de regularização das mais de 60 áreas de ocupação que temos nas diversas regiões da cidade. A Prefeitura tem várias obras que podem ser permutadas com áreas de interesse público próximo das áreas de ocupação, para que aquelas famílias sejam instaladas, tenham moradia. A outra questão é o atendimento com a moradia também das famílias que ganham até três salários mínimos, que é uma grande demanda. Quanto aos recursos, nós temos rubrica própria, do ponto de vista monetário, orçamentário e eu volto a dizer: Londrina tem áreas em regiões nobres da cidade que não estão lá para poupança imobiliária, estão para estar a serviço, como nós tivemos o caso da ocupação do Cristal e da ocupação da Aparecidinha. Nós temos condições de buscar recursos próprios, temos condições de dialogar com a instância de governo de Estado, mas sobretudo no compromisso do governo do presidente Lula, que é retomarmos com força e vigor a construção de casas para as pessoas em situação de vulnerabilidade.
Candidata, o seu plano de governo propõe policiamento comunitário e de proximidade da GM. Como isso funcionaria e como aumentar o efetivo da GM?
A GM é uma parte do serviço com atribuição de servidores, que são os nossos guardas, que são concursados. A questão do compromisso de resgatar, de fortalecer e de ampliar o papel da GM como a GM amiga da comunidade, como agente público amigo da criança, amigo da família, amigo do idoso, não só no cuidado com as pessoas, fortalecendo o vínculo da segurança, da formação, do cuidado e do atendimento nas nossas escolas, cuidando e zelando dessa grande ameaça que hoje é a violência nas escolas. Fortalecer o efetivo da nossa guarda municipal dentro do orçamento, destinando rubricas próprias, buscando nos orçamentos das diversas instâncias do Estado o papel de atribuição, de criar melhores condições de trabalho e aumentarmos o nosso efetivo. Sobretudo, de uma GM amiga das mulheres, das crianças, dos idosos que sofrem violência. Fortalecer, inclusive, o efetivo das mulheres, aumentarmos essa participação.
A sua candidatura tem apoio do presidente Lula, mas pesquisas recentes demonstram que o presidente tem certa rejeição por boa parte da população de Londrina. Essa relação com o governo federal, com o atual presidente, pode afetar sua candidatura?
Eu sou do time do Lula, eu sou candidata pelo PT. Nós temos esse grande compromisso de apresentar as nossas propostas, de dizer o quanto que nós podemos potencializar ações concretas, projetos concretos a partir desse vínculo, dessa pertença. Londrina precisa retomar direitos e políticas públicas que nós já implementamos e efetivamos e que hoje estão consolidadas como direitos. Muitas, inclusive, foram perdidas e deixadas de lado.
Essa não é a sua primeira candidatura, mas a senhora tem adversários com nomes que estavam mais em evidência. São dois deputados, um ex-prefeito, a ex-secretária de Educação, por exemplo. Qual é o apoio do partido para sua candidatura e quem vem aqui no seu palanque?
A minha candidatura está colocada desde o dia 30 de setembro [de 2023] com o apoio, com o reconhecimento do PT. O presidente Lula é sempre a nossa grande referência, é em quem nós nos inspiramos como essa figura política, gestora, amiga do povo, que está preocupada com a situação do povo. As eleições são em vários municípios, principalmente nas capitais, e a presidenta Gleisi [Hoffmann] é uma só. O tempo é muito curto, mas nós temos o apoio da presidenta, da direção do partido, nós temos tido aqui a representação do governo federal, a representação do presidente Lula, principalmente com o deputado estadual Arilson Chiorato [presidente estadual do PT] e o [ex-]deputado federal Enio Verri. O ex-deputado André Vargas hoje mora em Ibiporã, mas é uma pessoa que tem a sua contribuição, tem uma larga experiência e quando nos encontramos, sempre conversamos sobre política, trocamos ideias, dialogamos sobre estratégias.
As próximas entrevistas da sabatina do Grupo Folha de Londrina serão com Professora Maria Tereza (PP), na terça-feira (10), Tercilio Turini (MDB), na quarta (11), e Tiago Amaral (PSD), na quinta (12).
Assista à entrevista completa no YouTube:
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