Política

Lei das S.A. pode comprometer venda da Copel

05 abr 2001 às 10:54

O secretário de Energia de São Paulo, Mauro Arce, alertou ontem que a Lei das Sociedades Anônimas, aprovada na semana passada na Câmara dos Deputados, dificultará o processo de privatização das estatais de energia, entre elas a Copel. Segundo Arce, o governo paranaense terá de ser rápido e publicar o edital de venda antes que a nova lei seja promulgada pelo governo federal. Caso contrário poderá inviabilizar o processo de venda.

A Lei das Sociedades Anônimas muda as regras de venda de uma empresa, principalmente para os acionistas minoritários. O grupo que comprar a parte do acionista majoritário terá também que comprar a parte dos minoritários que tenham ações do tipo Ordinárias Nominativas (ONs), pelo preço do edital de venda e não pelo preço de mercado. "Tem que dar a opção para o minoritário vender suas ações. Isso vai encarecer muito o preço da empresa", alertou.


Arce esteve em Curitiba para uma palestra na Associação Comercial do Paraná, sobre o processo de privatização das companhias de energia de São Paulo. Ele procurou não dar opinião sobre a intenção do governo do Paraná de vender a Copel, mas deixou claro ser favorável à privatização. "No modelo adotado no Brasil não haverá espaço para as estatais. É impossível ser eficiente", afirmou.


Mesmo sem querer se manifestar sobre o caso paranaense, Arce lançou dúvidas sobre a eficácia de se vender uma companhia do porte da Copel em bloco. "Não há provas de que vender em bloco dá melhor resultado. Quando se divide uma empresa tem-se mais competidores. É muito difícil um único grupo se interessar por todos os negócios da Copel", afirmou. Ele citou o caso da Comgás (Companhia Paulista de Gás), que foi dividida em três para ser privatizada e conseguiu arrecadar R$ 1 bilhão.


Na avaliação do secretário de Energia, somente um consórcio de empresas conseguirá comprar a Copel. Ele citou que a Eletricité de France, a mesma que comprou a Light (RJ), é uma das maiores interessadas. Também está de olho na paulista Cesp, que deve ir a leilão no dia 16 de maio.


A privatização da Cesp, marcada para ocorrer seis meses antes da data prevista para o leilão da Copel, não deve comprometer a venda da companhia paranaense. Segundo Arce, haverá grupos distintos para comprar as duas empresas. O que os governos não devem fazer é esperar para 2001, quando será ano eleitoral. "Aí será impossível", opinou.


Na palestra aos empresários da Associação Comercial, o secretário de Energia deixou claro que a situação das empresas de energia de São Paulo era muito diferente da Copel. A Cesp estava mergulhada em dívidas, que somavam US$ 12 bilhões, em 1995.

"Não tínhamos dinheiro para pagar nossas dívidas e nem para investir na geração de energia", contou Arce. O então governador Mário Covas conseguiu aprovar a lei estadual de privatização, mas com uma ressalva. Deixou de fora o setor de transmissão, por considerá-lo estratégico. No Paraná, a intenção do governo é vender todo o sistema, formado por geração, transmissão, distribuição e as demais participações da Copel.


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