Política

"Faria tudo de novo", diz Beto Richa sobre ajuste fiscal

28 dez 2015 às 10:33

Apesar do desgaste político que sofre desde a eclosão da greve dos professores, em fevereiro, o governador Beto Richa (PSDB) garante não ter se arrependido de implantar o chamado "ajuste fiscal", por meio do aumento de impostos e do arrocho de direitos trabalhistas. Em rápida entrevista concedida à FOLHA antes de um evento no Palácio Iguaçu, na terça-feira passada, ele disse que a situação atual do Estado mostra o quanto as medidas foram acertadas. "Valeu a pena sim. Agora inicia um processo lento de reconquista da nossa aprovação no governo e da minha pessoal. Mas te digo: faria tudo de novo, porque um governante responsável tem de agir dessa maneira, ainda mais nos dias de hoje. Não existe mais espaço para a demagogia, para a retórica ou para ceder a pressões corporativistas", afirmou.

De acordo com o tucano, o fatídico 29 de abril só aconteceu devido a uma "deturpação" da mensagem que modificava a Paranaprevidência. "Que sirva de lição para todos. Nós repudiamos qualquer tipo de violência em qualquer instância. Evidentemente, houve uma distorção da verdade pelo sindicato (a APP, dos professores estaduais). Foi uma manifestação orquestrada aqui na frente do Palácio. Disseminaram entre os servidores que o projeto era para por um fim às aposentadorias. Isso nunca aconteceu, mesmo porque a Constituição determina que, vamos dizer, se um governo quebrar, o salário do servidor é sagrado, com prioridade para os inativos." Beto acrescentou que o fundo previdenciário do Estado é "o mais capitalizado do Brasil", com R$ 8,5 bilhões.


"Precisamos reestruturar porque estava sangrando os cofres do Tesouro. Naquela aprovação, conseguimos uma redução de R$ 1,5 bilhão, uma economia. Era um dos principais itens do nosso ajuste fiscal", relembrou. Além do "massacre" e da paralisação dos professores, ele citou outras iniciativas promovidas para restabelecer o fluxo de caixa, como as que integravam o primeiro "pacotaço", enviado à Assembleia Legislativa (AL) em dezembro de 2014. "Foram medidas impopulares, duras. Começou com o realinhamento de duas alíquotas (IPVA e ICMS) que estavam defasadas. Gerou muita incompreensão e insatisfação da população."

Por outro lado, o governador assegurou que o fato de ter "feito a lição de casa" permitirá ao Paraná apresentar resultados muito mais satisfatórios no ano que vem. A Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê R$ 3,6 bilhões do Tesouro do Estado para investimentos, o que corresponde a 6,6% da estimativa de receitas, calculadas em R$ 54,5 bilhões. O montante, destinado a obras de infraestrutura, como duplicação de rodovias e compra de equipamentos, será complementado com R$ 3,1 bilhões, provenientes das empresas públicas ou de economia mista. "É mais do que os quatro anos somados do nosso primeiro mandato – e olha que houve muita obra", mencionou. "Coloquei em risco meu patrimônio político, mas decidi: entre a minha popularidade e o futuro do Paraná, eu ficava com o futuro do meu Estado", completou.


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