A retomada da discussão sobre execução das penas dos mensaleiros pelo Supremo Tribunal Federal causou completa surpresa no Palácio do Planalto. Ninguém esperava que a reabertura do julgamento tratando da decisão sobre a prisão dos envolvidos pudesse ocorrer agora. E muito menos que ela pudesse ser colocada em prática de imediato. Houve quem interpretasse a iniciativa como um golpe para os réus.
A presidente Dilma Rousseff, no entanto, manteve a mesma postura de quando o tema estava em discussão no Supremo: não trata deste assunto e nem autoriza nenhum de seus assessores e ministros a falarem sobre ele. Ela quer se manter à distância e manter também seu governo à distância dessa discussão, que justifica ser competência apenas do Judiciário.
Entretanto, apesar dessa orientação, integrantes do governo avaliavam nesta quarta-feira, 13, que liquidar esta questão, no momento, não é de todo ruim. Ao contrário. Se a discussão sobre prisão dos mensaleiros for encerrada ainda este ano, é até bom. O raciocínio é que com isso, se entraria em 2014, o ano da tentativa de reeleição da presidente, com este assunto zerado.
Outra avaliação entre interlocutores da presidente é de que este assunto não respinga em hipótese alguma sobre ela, já que a presidente segue adiante nas suas funções independentemente do julgamento. Executa os seus projetos, viaja e inaugura obras. Nesse sentido, o julgamento é questão exclusiva do Judiciário, não do Executivo.
Fraudes em SP
Aliás, outro escândalo que está dominando o noticiário do País está também passando à margem do Palácio do Planalto. Trata-se das denúncias envolvendo a Prefeitura de São Paulo e que já derrubou um secretário do prefeito Fernando Haddad.
Apesar da determinação de Dilma de completo silêncio em relação ao tema, certamente este assunto entrará na pauta das conversas que a presidente terá com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois se encontrarão na cerimônia de recepção dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, nesta quinta-feira, 14, e depois deverão se reunir reservadamente, no Palácio da Alvorada.