Política

Endividamento compromete 2º mandato de Taniguchi

01 jul 2001 às 08:46

Abandono dos 78 bolsões de miséria de Curitiba onde vivem cerca de 20 mil famílias, praças e parques com a estrutura deteriorada, falta de funcionários públicos nas creches municipais. Estas são as principais reclamações feitas por vereadores de oposição da Câmara Municipal, numa avaliação aos seis primeiros meses da nova administração do prefeito Cassio Taniguchi (PFL).

O prefeito reeleito assumiu o cargo no dia 1º de janeiro prometendo transformar Curitiba na "capital social" do país. Ele disse que iria priorizar ações de infra-estrutura nos locais mais pobres da cidade e garantiu ter recursos para iniciar estas obras.


No entanto, os recursos faltaram. Desde janeiro, de acordo com um relato feito pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba, foram feitas pavimentações em algumas ruas importantes dos bairros Uberaba, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Tatuquara, Santa Quitéria, Cajuru, Bairro Novo e Butiatuvinha. Foi terminada a construção da Escola Municipal Oswaldo Arns, no Tatuquara. Obras de saneamento foram realizadas nas Moradias Guaraqueçaba, no Umbará.


No primeiro semestre, foram priorizadas ações de infra-estrutura na área de saúde. Foram inauguradas as unidades de saúde Bom Pastor, João Cândido, Jardim Gabineto e União das Vilas. Até o final do ano será inaugurada a Unidade de Saúde Caximba e a reforma da Unidade de Saúde Augusta. Duas creches municipais - São Vicente de Paulo e Dalagassa - foram concluídas. Houve investimento ainda em barracões empresariais do Pólo das Indústrias, Uberaba, Xapinhal e Cajuru.


As obras - de acordo com vereadores - foram poucas. A deficiência ocorreu por causa do endividamento da cidade, que hoje está em R$ 350 milhões. "A dívida de Curitiba é semelhante ao orçamento real. Está havendo um engessamento de recursos. A cidade está abandonada", disse o vereador Paulo Salamuni (PMDB). O vereador Tadeu Veneri (PT) lembrou a tentativa da prefeitura de terceirizar 26 das 125 creches municipais. O município admitiu a falta de funcionários para atender toda a demanda. "Acho que este foi o maior tiro no pé da Prefeitura de Curitiba nos últimos anos. Faltou discussão com a sociedade", analisou Veneri.


Na avaliação dos primeiros quatro meses de administração, as áreas sociais não tiveram grande desempenho. Os setores mais prejudicados com a falta de investimentos foram os programas de moradia urbana, de saneamento básico, gestão ambiental e assistência social. "Há um problema social grave na cidade e ninguém pode negar isso. Os locais de invasão vivem em estado de absoluto caos urbano, com risco inerente de incêndios", argumentou Salamuni.

Os engarrafamentos no trânsito de Curitiba, o aumento das tarifas do transporte coletivo no primeiro mês de administração e a falta de planejamento municipal são outras das dificuldades que estariam sendo vividas pelos moradores da cidade. Os logradouros públicos - como o Parque São Lourenço, a Praça Eufrásio Corrêa, Parque Tapajós e a Praça do Batel - estariam em estado de completo abandono. Placas estão riscadas, bancos depredados, monumentos públicos pichados, acusam os vereadores. "São detalhes que merecem ser observados permanentemente", destacou Salamuni.


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