O Plenário do Senado ouviu, até as 00h05, 38 senadores haviam discursado sobre a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Desses, apenas 9 se manifestaram contrários ao relatório do senador Antonio Anatasia (PSDB-MG), que é favorável à continuidade do processo e ao afastamento imediato de Dilma, e 33 se manifestaram favoráveis ao relatório. No total, 69 senadores vão discursar sobre o tema.
Aécio Neves (PSDB-MG) foi um dos que subiu à tribuna para falar a favor do relatório e lembrou fatos da campanha eleitoral de 2014 ao defender, nesta quarta-feira (11), o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O senador mineiro citou os últimos debates eleitorais para alegar que a presidenta ignorou os alertas sobre os erros cometidos na política econômica e fiscal.
"Tentamos, em todos os instantes, estabelecer um debate altivo e republicano para que pudéssemos encontrar saídas em favor do povo brasileiro e para a superação da nossa grave crise que já se anunciava. Falava de queda do PIB, éramos derrotistas, temerários, terroristas; falava da ameaça ao emprego, não conhecíamos o Brasil; falava da intervenção absurda no setor elétrico, éramos os pessimistas de sempre torcendo contra o Brasil", disse.
Na opinião do senador, Dilma apostou nestas respostas para fugir do debate sobre as contas públicas e sobre o uso do Tesouro Nacional a favor de sua reeleição. "O ano de 2014 não está sendo discutido neste instante, mas seria como retirar o ar que nós respiramos, deixar de trazer a história como ela é. Foi lá trás, com irresponsabilidade com a sensação absoluta de impunidade, de que estava este governo acima da lei e da ordem, que foram tomadas medidas atentatórias à estabilidade da economia e à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros", disse.
Aécio também elogiou o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável à admissibilidade do processo contra a presidenta. Para o senador, Anastasia produziu uma "histórica peça jurídica e política". "Que dá a todos nós o conforto necessário para tomarmos uma decisão dessa grandeza, dessa dimensão e dessas consequências".
"Monumental asneira"
Um dos que defendeu a presidenta foi o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que chamou o processo de "monumental asneira". Requião disse que se sente frustrado com Dilma por ela não ter cumprido suas promessas de campanha e sim um programa idêntico ao do PSDB, mas convencido de que a melhor saída não é o impeachment. "Então, estamos diante de um impasse. Mas esse impasse pode ser resolvido por um processo de impedimento sem base legal? Pela quebra de democracia? A mim me parece que não", disse.
Para o senador paranaense é um erro acreditar que a melhor saída para a crise econômica vivida pelo país é adotar maior liberalismo econômico porque isso teria sido o fator provocador da intensa crise européia. Requião considerou ainda que está enganado quem pensa que Michel Temer assumirá para adotar esse tipo de política de forma radical.
"O Michel Temer é um conciliador, foi presidente da Câmara por três vezes. Não é um radical, embora as propostas que tenham sido colocadas até o momento sejam radicais para encantar o mercado", disse.