Ao abrir a sessão destinada a eleição da presidência da Câmara dos Deputados, o presidente interino, Waldir Maranhão (PP-MA), fez um discurso de despedida. Em sua fala, Maranhão assumiu que cometeu erros, mas disse que a sua atuação também mudou os rumos do País.
Com a escolha do sucessor do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o parlamentar reassume a vice-presidência da Casa até fevereiro do ano que vem. "Nestes poucos meses, aprendi anos. Acertei e errei como qualquer um, mas não vou aqui ficar lamentando o passado. Tenho certeza que algumas decisões vão mudar o nosso país para melhor. O resto é página virada", disse. Para o presidente interino, "a História julgará a sua gestão".
"Deixo esta Presidência sem mágoas e rancores e com a consciência limpa e tranquila. Continuarei no exercício da Vice-Presidência prestando lealdade ao meu Estado e ao nosso País", continuou. Maranhão afirmou ainda que chegou à Presidência, há cerca de dois meses, "de forma inesperada e não desejada".
"Estávamos vivendo um momento difícil para o Brasil. A minha postura desde o início foi exercer a interinidade com honestidade e honradez. Procurei em todos os atos que pratiquei seguir estritamente o regimento da Casa - mesmo aquele que se refere ao processo de cassação de mandato parlamentar", afirmou, fazendo referência ao processo contra Cunha.
Ele também relembrou a sua trajetória, afirmando ser um homem de origem "simples e humilde", filho mais velho de uma família de oito irmãos e pais semianalfabetos, até virar reitor da Universidade Estadual do Maranhão. "Desde o início tive a consciência de que o importante é o Brasil sair desta crise, em que há milhões de desempregados e um futuro incerto. Nós podemos e temos a obrigação de ajudar a mudar esta realidade. Quero desejar ao próximo Presidente sucesso e votos para que possa exercer a função", concluiu.
Ao longo do dia, Maranhão mudou o horário do início da eleição duas vezes. Inicialmente prevista para as 16 horas, o começo da sessão foi alterado pelo presidente duas vezes. Primeiro, para as 19h, e, minutos depois, para as 17h30. Apesar de não ter apresentado nenhuma justificativa para a alteração, as medidas foram tomadas após receber parlamentares contra e a favor de Cunha. A primeira decisão ocorreu após Maranhão ter se reunido com um adversário de Cunha, o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Ele mudou novamente de ideia depois de receber a visita do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), em seu gabinete.