Em evento com ares de campanha, que reuniu representantes do PDT, do PC do B e até mesmo do "indeciso" PMDB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite desta sexta-feira (14) que seria uma conquista "extraordinária" o Brasil ter uma mulher governando o Paraná e outra governando o País a partir do ano que vem. No entanto, reconheceu que a caminhada até lá será dura.
"Não tem moleza, querida. Você não será tratada, sabe, com carinho não. É botinada na canela. Se estiver disputando as eleições para ganhar, vão saber até como você se mexia no ventre da sua mãe e que tipo de mamadeira tomava aos três meses de idade", afirmou, ao se dirigir à senadora Gleisi Hoffmann (PT), pré-candidata ao Palácio Iguaçu e com quem dividiu o palanque no Paraná.
Segundo Lula, tanto ele como Dilma Rousseff são tratados com preconceito por parte da mídia e das elites, pelo fato de governarem para os mais pobres. "Imagine o ódio que eles têm de que hoje a filha de uma empregada doméstica pode cursar uma universidade? Ou que a filha de um pedreiro pode ser engenheira? Isso incomoda muita gente".
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O encontro de 34 anos do PT em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), teve como objetivo mobilizar a militância em torno da pré-candidatura de Gleisi. Para os petistas, o ponto forte da noite foi a participação de nomes até então tidos como incógnitas na formação da aliança, incluindo o do vice-presidente de agronegócios e micro e pequenas empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias (PDT). Em seu discurso, ele garantiu apoiar a senadora, sem adiantar, porém, se como vice ou como candidato ao Senado - neste caso em confronto direto com o irmão Alvaro Dias (PSDB).
"Nós não fizemos uma aliança para disputar a eleição em 2010. Fizemos uma aliança para oferecer um projeto ao Paraná e ao Brasil. Volto a dizer que a 'tucanada' está certa: o Brasil não nasceu com o Lula. Mas mudou para muito melhor com ele". Ao elogiar a gestão da ex-ministra na Casa Civil, o pedetista emendou: "estou defendendo que a gente mude o Paraná. Não vou falar das promessas que ele (o governador Beto Richa) não cumpriu, senão ficaríamos aqui a noite inteira".
Em conversa com jornalistas, Gleisi comemorou o apoio do PDT, dizendo que agora falta definir a formação da chapa. "Gostaríamos muito que o Osmar fosse nosso candidato ao Senado. Tenho certeza que ele está pensando com carinho. E também gostaríamos de ter o PMDB na vice, mas respeitamos o momento do partido, que hoje quer a candidatura própria".
O palanque contou ainda com os presidentes estaduais do PDT, Haroldo Ferreira, e do PC do B, Ricardo Gomyde, além do ex-senador Sergio Souza (PMDB) e do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Da Assembleia Legislativa (AL), estiveram no encontro Nelson Luersen (PDT), Cleiton Kielse (PMDB) e os integrantes da bancada petista.
Lula chegou ao evento por volta de 18h40 e saiu às 20h, sem falar com a imprensa. Ele seguiria na mesma noite para São Paulo. Mais cedo, o ex-presidente participou de almoço reservado com empresários do Estado, na chácara do ex-deputado federal Flávio Martinez (PTB), na tentativa de reforçar a coligação em torno da candidatura da ex-ministra.