A presidenta Dilma Rousseff disse neste domingo (21) que não vê "problemas de gestão" no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nem sucateamento da instituição. Na última sexta-feira (19), o instituto admitiu que errou ao divulgar dado da Pesquisa Nacional sobre Amostra de Domicílios (Pnad), segundo o qual a desigualdade social tinha voltado a crescer no Brasil e divulgou novo número, que mostra leve queda do indicador do ano passado para cá.
Em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, a presidenta disse que o número de funcionários do IBGE subiu 7% entre o governo do ex-presidente Lula e o dela e ressaltou que o conselho diretor do instituto é formado por seus próprios funcionários, sem ingerência governamental. Segundo Dilma, foram criadas duas comissões para apurar a divulgação dos números errados. Uma, de "especialistas independentes, investigará se o padrão técnico da pesquisa foi cumprido" e outra, de sindicância do próprio governo, vai apurar responsabilidades. Os resultados devem ser divulgados em 30 dias.
Sobre a declaração da presidenta do instituto, Wasmália Bivar, de que não se sente confortável no cargo depois dos erros, a presidenta disse que se trata de uma questão pessoal e que não irá julgar antes das apurações. "Até agora, não vi nenhum problema de gestão. Eles têm um problema, sim, de querer fazer simultaneamente várias pesquisas. Tem hora que querem fazer de um jeito, tem hora que querem fazer de outro. Agora, o governo não escolheu a data de divulgação, nós ficamos sabendo junto com vocês [imprensa], na mesma hora."
Na entrevista, Dilma também voltou a garantir que a inflação começará a baixar até o fim do ano e decartou a possibilidade de um tarifaço. "Nós sabemos que a inflação tenderá para o centro da meta a partir de novembro, dezembro. Nós, e todo o mercado, temos essa expectativa. Também ficamos com uma certeza de que quem fala em tarifaço está mal intencionado. Porque 0,10 [ponto percentual] desse número deve-se ao aumento do preço da energia decorrente da seca. Aqueles que falam que é inexorável um tarifaço, eu não sei o que estão querendo fazer, porque não tem nenhuma necessidade de tarifaço, na medida em que tem vários aumentos ocorrendo ao longo do ano."
Ela comentou ainda as críticas do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli, sobre o uso do Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência da República) para eventos e entrevistas relacionados à campanha eleitoral. Segundo Dilma, se ela não usar o palácio, ficará "sem teto". "Eu respeito muito a posição do presidente do tribunal, mas quero lembrar que todos os meus antecessores usaram o palácio. Até porque, caso contrário, eu serei uma sem-teto. Eu não terei onde dar entrevista, porque não tenho casa aqui. Se não pode ser no Palácio da Alvorada, serei uma sem-teto e irei para a rua dar entrevista. Eu não tenho outro local", afirmou.
Nesta semana, a presidenta irá a Nova York para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Antes da viagem aos Estados Unidos, Dilma participará de evento de campanha em Minas Gerais.