Ao participar do encerramento do encontro "os desafios do Brasil como 5ª potência mundial e o papel do agronegócio", a presidente Dilma Rousseff foi muito aplaudida ao assegurar para a plateia que o seu governo não rompe contratos. Mas, ao fazer esta afirmação e complementar que desde antes do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o Brasil não deixava de cumprir com seus compromissos externos, Dilma se deu conta de que faria uma crítica ao seu aliado, o senador e ex-presidente José Sarney, que em 1987 anunciou a suspensão do pagamento dos juros da dívida externa do Brasil.
"Em todas as áreas, nós jamais rompemos contratos...", disse. "A partir, se eu não me engano, do governo Fernando Henrique Cardoso,... pode ter sido algum governo anterior, mas desde governos anteriores, nós não rompemos contratos mais", declarou a presidente.
Dilma evitou comentar o calote dado por Sarney e preferiu voltar cinco anos na história do País, pulando o governo de seu aliado político, para citar que "o Brasil tinha a marca do default de 1982". E completou: "hoje nós não temos mais esta marca". Em dezembro de 1982, João Figueiredo, último presidente da República do regime militar, admitiu, em uma reunião com banqueiros, em Nova York, que o Brasil estava quebrado.
Infraestrutura
Dilma defendeu hoje o modelo de concessões para a iniciativa privada e as parcerias público-privadas como forma de resolver os problemas de infraestrutura do País. Ao participar do encerramento de um encontro comemorativo aos 60 anos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a presidente reconheceu que existem ainda enormes gargalos para em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, apesar de defender o investimento feito até hoje.
"Toda a infraestrutura brasileira em todas as regiões tem recebido algum tipo de investimento para solucionar os gargalos existentes. Mas eu sei que são muitos. Eu sei porque antes de ser presidente eu coordenei o esforço do governo federal para voltar a investir de forma sistemática em infraestrutura e sei que muito falta e temos ainda muito que fazer", afirmou.
Dilma, no entanto, ressaltou que o País precisa de um plano de logística que não seja abandonado a cada ano e sim fique como um compromisso de investimentos. Afirmou que não quer colocar o Brasil na situação de países europeus que, disse ela, fizeram investimentos duplicados ou desnecessários, o que teria ajudado a fomentar a crise da dívida atual. "Por isso, é necessário um planejamento e é necessário que esse planejamento seja feito nessa relação entre setor privado e setor publico, discutindo as formas", disse.
Para a presidente, o modelo de concessões e as parcerias público-privadas são a forma de melhorar a infraestrutura de transporte no país e diminuir o que classificou de "custos absurdos de transporte", já que a União não tem os recursos para fazer tudo isso sozinho. "Estamos investindo e investiremos cada vez mais em parcerias público-privadas e também utilizando sistematicamente as concessões para o setor privado, buscando que o Brasil disponha de uma infraestrutura de transporte capaz de dar competitividade tanto à exportação quanto ao mercado interno", afirmou.
Dilma ressaltou, ainda, a necessidade de o País manter sua rede de proteção social e, por isso, não ter todos os recursos necessários para investimentos em infraestrutura. "Se nós não tivéssemos uma previdência que é uma rede de proteção social, poderíamos investir, a cada ano, R$ 200 bilhões em infraestrutura, por exemplo. Muitos grandes países não têm (essa rede). Mas, em compensação, nos viveríamos atemorizados pelo tipo de ruptura social e política que poderia ocorrer", disse.