Os deputados federais da CPI do Narcotráfico resolveram criar uma Comissão Processante para acompanhar as investigações que serão realizadas, a partir de agora, pelo Ministério Público Federal. A intenção é evitar que as denúncias apresentadas não tenham o encaminhamento devido na Justiça.
"Tememos que não haja um encaminhamento de todas estas denúncias no futuro. Por isto, vamos acompanhar de perto todas as investigações a partir de agora", destacou o deputado federal Pompeo de Mattos (PT-RS).
Ele avaliou que os parlamentares fizeram um trabalho sem precedentes na história da Câmara Federal e conseguiram a cassação de mandato de dois deputados federais, além da prisão de quadrilhas especializadas no tráfico de drogas.
"O número de indiciados é recorde e não fizemos isto aleatoriamente. Temos provas contundentes dos citados no relatório final", declarou Mattos.
Apesar do volume dos trabalhos, Pompeo de Mattos disse que em alguns Estados muita coisa terá que ser feita. É o caso do Paraná, onde o processo de investigação apenas começou.
"As investigações no Paraná estão em fase inicial, até por ter sido um dos últimos Estados visitados. Mas vamos estar junto com o Ministério Público Federal para garantir a continuidade", avaliou.
Os deputados sugeriram algumas modificações na legislação. Entre elas, dobrar a pena dos traficantes que usem crianças e adolescentes como "laranjas", criação de uma comissão permanente de segurança pública contra o crime organizado e o narcotráfico, negociação mais eficaz de diminuição de pena de presos que delatarem o crime organizado, criação de legislação para impedir a lavagem de dinheiro com um cadastro nacional das contas bancárias unificado e outro cadastro nacional de usuários de telecomunicações, transformação do roubo de cargas em crime federal.
Outro pedido dos deputados é dar mais poder à CPI, impedindo que casos como no Paraná, em que o delegado João Ricardo Képes Noronha (ex-delegado geral da Polícia Civil) resolveu não comparecer a depoimentos na comissão, sejam rotineiros. "Queremos que a ausência em uma CPI seja um crime inafiançável. A pessoa tem que saber que a CPI é a maior instância do País", salientou.