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16 contrários

Deputados federais do PR votam majoritariamente contra PL das fake news; entenda o projeto

Bruno Souza - Estagiário*
03 mai 2023 às 17:10

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- Narjara Araújo/Câmara dos Deputados
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Os deputados federais paranaenses votaram majoritariamente contra o regime de urgência do PL (projeto de lei) das fake news, em sessão que ocorreu na terça-feira (25). A proposta prevê a responsabilização das chamadas big techs (grandes empresas de tecnologia) pelo impulsionamento ou permissão de publicações que contenham notícias falsas ou práticas criminosas dentro das plataformas.


Dentre os 24 deputados federais do Paraná que estiveram presentes na votação, 16 votaram contra o pedido de urgência para a aprovação do PL e outros oito foram favoráveis. Confira abaixo a relação dos votos de cada parlamentar.

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Aliel Machado (PV) SIM

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Beto Richa (PSDB) SIM

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Carol Dartora (PT) SIM

Delegado Matheus Laiola (UNIÃO) NÃO

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Deltan Dallagnol (Podemos) NÃO

Diego Garcia (Republicanos) NÃO

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Dilcel Sperafico (PP) NÃO

Felipe Francischin (UNIÃO) NÃO

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Filipe Barros (PL) NÃO

Geraldo Mendes (UNIÃO) SIM

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Giacobo (PL) NÃO

Gleisi Hoffmann (PT) SIM

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Luciano Ducci (PSB) SIM

Marco Brasil (PP) NÃO

Padovani (UNIÃO) NÃO

Paulo Litro (PSD) NÃO

Pedro Lupion (PP) NÃO

Reinhold Stephanes (PSD) NÃO

Rodrigo Estacho (PSD) NÃO

Sargento Fahur (PSD) NÃO

Sergio Souza (MDB) NÃO

Tadeu Veneri (PT) SIM

Tião Medeiros (PP) NÃO

Welter (PT) SIM


Os deputados federais ligados à região norte do Paraná - incluindo Filipe Barros (Londrina), Marco Brasil (residente em Londrina), Diego Garcia (Bandeirantes), Beto Richa (Londrina) e Sargento Fahur (Londrina) - foram questionados pela reportagem sobre o motivo dos seus votos, mas não responderam.


Via Instagram, porém, Marco Brasil (PP) escreveu que "o texto precisa e merece uma ampla discussão para que não sejam criadas inseguranças à liberdade de expressão". Já Filipe Barros (PL) comentou que a lei é um projeto do governo Lula para "censurar seus críticos". Sargento Fahur (PSD) se limitou a escrever que "querem calar a sua voz", referindo-se ao PL. Beto Richa (PSDB) respondeu às críticas em seu Instagram por ter votado a favor da urgência afirmando que somente o fez para "dar uma oportunidade ao relator de consertar os erros que o projeto tem", mas que, quando o tema for pautado na Câmara dos Deputados, ele votará contra. Diego Garcia (Republicanos) também comentou o assunto via Instagram: "A luta pela democracia e pela liberdade continua. Não ao PL da Censura!".


Após o PL ser aprovado em regime de urgência para ter prioridade na votação, o presidente da Câmara Arthur Lira (PL) retirou o projeto da pauta, que estava previsto para ser votado já nesta terça-feira (2). Ele atendeu o pedido do próprio relator do projeto, Orlando Silva (PC do B), que pediu mais tempo para que o projeto possa "unir o plenário".


Entenda o projeto


O Projeto de Lei 2630 tem como relator o deputado de São Paulo Orlando Silva (PC do B) e conta com o apoio do governo Lula. A proposta abrange diversas áreas, passando por remuneração de conteúdos jornalísticos dentro das redes sociais, direitos autorais de artistas, censura de grupos ou pessoas que estimulem a violência ou crimes - como ataques a escolas, nazismo e propagação de notícias falsas ou preconceituosas -, além da responsabilização das grandes empresas de tecnologia, caso permitam tais publicações criminosas. Entenda os principais pontos:


Remuneração jornalística: O PL prevê que todo e qualquer conteúdo jornalístico publicado nas redes sociais - seja em áudio, vídeo, imagem ou texto - tenha remuneração. No entanto, somente as empresas que estejam organizadas profissionalmente e com mais de dois anos em atividade terão direito aos valores. Também será necessário que a empresa tenha um editor responsável que responda pelo veículo.


Direitos autorais: O documento também cita que todo e qualquer conteúdo que esteja respaldado pela lei de direitos autorais também seja passível de remuneração. Desta forma, artistas passarão a receber dinheiro ao terem seus trabalhos divulgados pelas redes sociais.


Impulsionamento de conteúdos: Uma das principais maneiras que as big techs ganham dinheiro, o impulsionamento também é citado pelo projeto de lei. Antes, qualquer pessoa que tivesse uma conta no Meta (empresa que gere o Facebook, Instagram e WhatsApp) e no Google (que gere o YouTube) poderia pagar às plataformas para entregar os seus conteúdos para mais pessoas. Com o PL, quem quiser publicitar alguma postagem terá que apresentar documento oficial.


Proteção de crianças e adolescentes: O PL também aborda os ataques a escolas que ocorreram nas últimas semanas pelo país. Grande parte dos atentados foram organizados pelas redes sociais, que inclusive portavam grupos abertamente nazistas. Para isso, o projeto pede que as empresas criem mecanismos que coíbam esses ataques e que proíbam o uso de crianças.


Imunidade parlamentar: Se os políticos têm imunidade e não podem ser criminalizados por falas em plenário, o privilégio também se manterá on-line. Assim, deputados, senadores, governadores e até mesmo o presidente da República não poderão ser responsabilizados por postagens irregulares.


Especialista comenta PL


Eve Miguel Cenci, professor de Direito da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e especialista em Ética, Política e Direito, analisa que o PL foi criado para frear a propagação de notícias falsas e crimes digitais, que só aumentaram nos últimos anos. Para ele, o projeto de lei das fake news é necessário para dar mais segurança aos usuários.


"Não estamos mais falando de demandas financeiras individuais ou controle da imagem pessoal. Agora o uso das fake news atinge o âmago da democracia e pode comprometer o processo eleitoral e a própria democracia. É a sociedade que acaba lesada quando o debate público sai do campo das ideias e é falseado com base em mentiras materializadas em versões fraudulentas. As fakes, mesmo quando desmascaradas, aparecem sob a justificativa de que são narrativas. As redes sociais tornaram-se terra de ninguém. As próprias empresas, que de alguma forma deveriam estabelecer limites seguindo uma política clara de moderação, faturam com os grupos que deveriam conter. Entendo que o PL em discussão é necessário", diz.

Cenci afirma que as grandes empresas de tecnologia estão relutantes quanto ao projeto por dois motivos principais: a remuneração de conteúdos jornalísticos e pelos limites impostos a um modelo de negócio baseado em logaritmos "que ninguém sabe como funcionam".


Ele também comenta que a responsabilização dessas empresas por postagens de terceiros é outro fator que as deixam preocupadas. O professor pondera que o ideal é que as redes sociais cumpram as legislações de cada país e, caso não o façam, sejam punidas.


"As empresas precisam ter um modelo claro de moderação dos conteúdos. Esse modelo deve ter como parâmetro a legislação de cada nação. Quando uma empresa permite a disseminação de um determinado conteúdo que viola a legislação, é alertada e mesmo assim insiste em manter a publicação, como vimos em muitos casos, deve sim ser punida. Não dá para admitir, por exemplo, a permanência de sites com apologia ao nazismo", ressalta.

Censura


O especialista em Ética afirma que, mesmo que o projeto seja necessário e urgente, o documento assinado por Orlando Silva (PC do B) precisa de ajustes. No entanto, comenta-se nas redes sociais que o PL seria uma maneira do governo censurar seus inimigos políticos, incluindo práticas religiosas. Cenci conclui afirmando que somente serão prejudicados aqueles que cometem crimes.


"A Constituição assegura a liberdade religiosa em sua plenitude. O que não pode acontecer é o uso do discurso religioso para meios escusos ou discriminatórios", encerra o professor.


*Sob supervisão de Fernanda Circhia

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