O deputado federal cassado Deltan Dallagnol foi vaiado neste domingo (7) ao defender a fé cristã como um valor político durante um painel no MIT, nos Estados Unidos.
"Defendo honestidade, competência, mas sim, levo a religião para o meu trabalho porque ela consiste nos meus compromissos últimos de vida. Você recusar isso é preconceito de natureza religiosa", disse, despertando em seguida a reação negativa do público.
As vaias se intensificaram quando ele citou sua oposição ao direito ao aborto como um exemplo de posição associada à sua religiosidade.
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Deltan participava de uma mesa sobre combate à corrupção na Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros de Harvard e do MIT em Cambridge (EUA). No palco, também estava o senador Alessandro Vieira (MDB), que havia criticado misturar religião com política, sob aplausos.
"Houve uma vaia quando eu mencionei que eu levo sim a minha religião para o trabalho, assim como houve um grande aplauso quando eu expliquei a Lava Jato e expliquei os abusos e arbítrios que acontecem no Supremo", disse o ex-procurador ao ser questionado pela Folha sobre a reação da plateia.
"Eu entendo sim que existe hoje um grande preconceito de natureza religiosa contra a expressão da fé no ambiente público. É um preconceito secularizante de uma perspectiva humanista que exclui a fé, mas ao mesmo tempo aceita todas as ideologias, liberalismo, socialismo, comunismo, conservadorismo, todas as ideologias que têm por base, em última análise, a fé", afirmou.
Além de criticar a mistura de fé e religião, Vieira também disse no evento que o Brasil não precisa de "heróis e xerifes" no combate à corrupção.
"Corrupção não é ideológica. Nos últimos anos se permitiu uma narrativa que atribuiu a um partido específico a primazia da corrupção", afirmou. "Enquanto eu imagino que existe algum mega inimigo coordenando isso, quando eu demonizo algum setor da sociedade e tento canalizar a crítica, eu estou me afastando da solução", afirmou ao lado de Deltan.