A CPI que mira o padre Júlio Lancellotti empacou na Câmara Municipal de São Paulo e não deve sair do papel, ao menos em 2024.
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A dificuldade é admitida pelo próprio proponente da investigação, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP). Ele tem buscado 28 assinaturas de colegas para que a CPI passe à frente de outras que foram protocoladas anteriormente, sem sucesso.
"Enquanto eu tiver mandato, a CPI está viva. Não vou desistir", afirma à coluna. O atual mandato de Nunes acaba em dezembro, mas ele é pré-candidato à reeleição.
Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara, dedicou-se enfaticamente à articulação para que a investigação fosse instalada. Ele chegou a enviar um dossiê sobre o pároco para a Arquidiocese de São Paulo e a exibi-lo a portas fechadas a vereadores.
Ainda assim, os vereadores manifestaram temor em apoiar publicamente a CPI, ainda mais em um ano eleitoral, o que fez com que ela perdesse cada vez mais força.
Júlio Lancellotti é responsável pela paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca (zona leste), e coordenador da Pastoral do Povo da Rua.
Ao propor uma CPI no começo deste ano, Rubinho afirmou que a proposta era a de apurar a conduta das ONGs que atuam na região da cracolândia, no centro da capital.
Após acordo com líderes partidários, o vereador mudou o escopo do requerimento e passou a mirar, de forma direta, o religioso.
O vereador afirma que há provas contundentes contra o religioso. Lancellotti sempre rebateu as acusações e disse, em nota, que "as imputações surgidas recentemente –assim como aquelas que sobrevieram no passado– são completamente falsas, inverídicas".
Em fevereiro, a Arquidiocese anunciou que havia tomado conhecimento de um "suposto novo fato de abuso sexual" e que abriria investigação sobre o padre para buscar "a verdade".