As articulações da bancada de oposição contra a venda da Copel, que já conta com o apoio de aliados, não tem causado sobressaltos no Palácio Iguaçu. O secretário chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, disse ontem que os oposicionistas estão apenas cumprindo o seu papel. "O embate ideológico faz parte. Estamos encarando o fato com naturalidade", disse. "Isso é normal nas democracias", emendou.
Segundo o secretário, o governo vai manter diálogo aberto com os deputados sobre o assunto. "Vamos conduzir o processo de privatização com categoria". O governo - que pretende vender a empresa até o final deste ano - alega que a empresa vai perder competitividade se não for privatizada.
Na avaliação do secretário da Fazenda e presidente da Copel, Ingo Hubert, com o livre acesso ao mercado de capitais as empresas conseguirão dinheiro barato para financiamentos, enquanto as estatais não têm a mesma facilidade, pois tiveram o acesso ao mercado de capitais bloqueado por legislação federal. Por isso a iniciativa privada estará "anos-luz à frente das estatais, podendo praticar preços bem mais baixos".
O líder do governo, Durval Amaral (PFL), acredita que o apoiamento à revogação da lei não significa voto e lembra que até o projeto entrar em votação muitas opiniões podem mudar.
O deputado da base aliada, Duílio Genari (PPB), autor da lei 11.253 - de dezembro de 95 que autorizava o Executivo a vender ações da Copel desde que mantivesse 60% do total de ações - defende que a iniciativa privada está mais preparada para atender aos consumidores. "As empresas privadas podem investir mais em infra-estrutura", ponderou. De acordo com ele, os preços podem baixar para o consumidor, apesar da oposição pregar o contrário.