De olho numa possível vinda do badalado Museu Guggenheim a Curitiba, o governo paranaense analisa novas descaracterizações do Centro Cívico, sede dos três poderes do Estado. A sede do museu, se vier para o Paraná, pode ficar localizada no edifício Castelo Branco, onde hoje funcionam secretarias do governo do Estado.
O planejamento original do Centro Cívico já foi descaracterizado com as obras que o governo jaime Lerner fez para impedir manifestações populares perto do Palácio Iguaçu. Foram mudados traçados de ruas, construídos estacionamentos e até foi colocada uma grade cercando todo o entorno do praça, que antes era totalmente aberta. No centro Cívico localizam-se os palácios dos governos estadual e municipal de Curitiba, O Tribunal de Justiça, Assembléia Legislativa, o Tribunal de Contas e várias secretarias de Estado, além do prédio inacabado do que seria a futra sede do Judiciário paranaense.
No Edifício Castello Branco, na rua Marechal Hermes, estão as secretarias de Administração, Planejamento, Ipardes e a Procuradoria Geral do Estado. A partir do dia 2 de julho, os servidores da Administração mudam para um endereço mais afastado da região central: o antigo conglomerado administrativo do Banestado, no bairro Santa Cândida.
Coincidência ou não, o secretário de Administração, Ricardo Smijtink, confirmou que o Edifício do Centro Cívico vai virar um museu. Por enquanto, não será o Guggenheim. O futuro espaço cultural abrigará o acervo pertencente ao Banestado, vendido para o Banco Itaú em outubro do ano passado. A coleção é formada por trabalhos de pintores paranaenses dos séculos 19 e 20. O secretário disse que o prédio vai passar por reformas para proteger os quadros da umidade e infiltração, que segundo ele, foram decisivas para decretar a mudança para o bairro Santa Cândida.
Sem o Banestado sob o controle estatal, o conglomerado de 25 mil metros quadrados perdeu seu significado para a iniciativa privada. O Itaú administra seus interesses de São Paulo e Rio de Janeiro. No contrato de privatização, a instituição financeira que arrematasse o banco paranaense teria de ceder ao governo as instalações do Santa Cândida. O acordo prevê o uso do conglomerado em regime de comodato por 15 anos. Ricardo Smijtink aprova a mudança. ‘‘Aquilo é um sonho. Perto do que temos aqui não tem nem comparação.’’ Ainda em julho, serão transferidas a secretaria de Planejamento e o Ipardes. A Procuradoria Geral do Estado ainda não tem prazo para mudar de local.
No conglomerado, prosseguiu o secretário, existe uma estrutura mais moderna do que a existente no Castello Branco nas áreas de telefonia e informática. Aliás, se o projeto original fosse seguido à risca, o edifício nem deveria ter sido construído no Centro Cívico. Segundo Smijtink, o prédio de 12 mil metros quadrados era um projeto de Oscar Niemayer para o governo da Namíbia, um país da África, mas por ter um estilo futurista saiu da planilha nos anos 70 durante o governo de Jaime Canet Júnior. O Castello Branco parece, na verdade, um bunker de guerra, desprovido de janelas, ventilação e luminosidade natural. Sua concepção arquitetônica cairia como uma luva para os interesses da Namíbia, que é assolada por frequentes tempestades de areia vindas dos desertos que cortam seu território.