O advogado Marden Esper Maues vai pedir na segunda-feira a revogação da prisão preventiva do sargento Ademir Leite, acusado de envolvimento no atentado à Procuradoria de Investigações Criminais (PIC), ocorrido no dia 29 de dezembro do ano passado.
O pedido do advogado será baseado no depoimento do cabo João Luiz Szczetanski, prestado ontem na 2ª Vara Criminal de Curitiba. Em seu primeiro depoimento o cabo havia acusado o policial civil Mauro Canutto e o advogado criminalista Antonio Pellizzetti de serem os mandantes do atentado contra a PIC.
Na época, Szczetanski trabalhava no Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), que atua junto à promotoria, e mantinha laços de amizade com o sargento Ademir Leite. Szczetanski teria ouvido do sargento, detalhes sobre o envolvimento de Canutto e Pellizzetti no atentado. Ontem, entretanto, negou tudo.
O cabo disse que foi pressionado por promotores da PIC e policiais do Gerco para manter a versão. "Foi tudo uma armação da PIC, e houve muita pressão por parte dos promotores e do tenente Elias (comandante do Gerco), que garantiu que eu seria preso se não cooperasse", disse Szczetanski.
O advogado Antonio Figueiredo Bastos, que defende Antonio Pellizzetti e Mauro Canutto, disse que o depoimento de Szczetanski, inocenta seus clientes. "O depoimento do cabo é estarrecedor e mostra que toda a acusação foi direcionada", afirmou Bastos.
Após o depoimento de Szczetanski, Pellizzetti conversou com a imprensa e disse que as acusações de membros da PIC tinham como objetivo prejudicá-lo, mas não quis citar nomes. Já Canutto, se negou a dar entrevistas.
A próxima audiência do inquérito será no dia 14 de agosto, quando serão ouvidas as testemunhas da defesa. Prestarão depoimento na Segunda Vara Criminal, o corregedor-geral da Polícia Civil, Adauto de Oliveira, e a delegada Leila Bertolini, titular da Divisão de Narcotráfico. Os dois presidiram o inquérito durante o perído de investigações.
O promotor da PIC Paulo Kessler disse que o depoimento de Szczetanski "me causa absoluta estranheza." "Mesmo na hipótese de ter sido ameaçado de ser preso para prestar o depoimento, o policial não tinha o que temer, já que não havia cometido qualquer crime", ressaltou Kessler.
Depois de ter confessado o teor da conversa com o sargento Ademir Leite, em janeiro deste ano, o policial continuou trabalhando normalmente na PIC, recordou o promotor. Para Kessler, a mudança de depoimento de Szczetanski não altera o curso do processo de investigação do atentado.
Kessler declarou que "há um movimento para desmoralizar e desarticular a parceria entre a promotoria e a Polícia Militar. Me parece que existem outros interesses inconfessáveis que orientaram sua declaração".