Política

Bolsonaro comemorou quando Lula foi solto, diz Moro

02 dez 2021 às 12:23

O presidenciável Sergio Moro (Podemos) disse nesta quinta-feira (2), em entrevista à Jovem Pan Paraná, que o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) comemorou quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi solto da prisão em 2019 após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que pôs fim à prisão de condenados em segunda instância.


Em novembro de 2019, por 6 votos a 5, o STF mudou de entendimento e vetou a prisão de condenados em segunda instância. Um dia depois, beneficiado pela decisão da Corte, o ex-presidente petista foi solto na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba, após determinação da Justiça Federal.


"O presidente não fez nada [para reverter a decisão do STF que determinou o fim de prisão em segunda instância]. E, na verdade, o que a gente sabia é que o Planalto, o presidente comemorou quando o Lula foi solto em 2019 porque ele entendia que aquilo beneficiava ele literalmente. Então, ele não trabalhou para manter a execução em segunda instância", disparou o ex-juiz da Operação Lava Jato.


Moro deixou o cargo de ministro da Justiça em abril de 2020 após o presidente decidir exonerar o então diretor-geral da PF (Polícia Federal) Maurício Valeixo, profissional de confiança do ex-juiz. À época, Moro disse que Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal. Segundo a colunista do UOL Carla Araújo, Bolsonaro prestou depoimento no início de novembro e negou interferência no órgão.


Na entrevista, Moro disse que Bolsonaro começou a sabotar todas as suas ações no Ministério e não cumpriu com a sua palavra de que ninguém, mesmo membros do governo, seriam poupados de quaisquer investigações e de fortalecer o combate à corrupção.


"Ele não fez nada disso. Ao contrário, começou a sabotar o que eu fazia. Até que chegou em um momento que eu simplesmente saio [da pasta]."


O UOL tenta contato com a Presidência para comentar as declarações.


Bolsonaro pediu para filho apagar tuíte sobre 2ª instância


Moro ainda acusou que o presidente teria mandado apagar um tuíte sobre a segunda instância feito na conta oficial dele por um dos seus filhos.


"Inclusive, na época, o filho dele fez lá no Twitter dele falando da execução em segunda instância e o presidente mandou apagar. Foi um episódio meio constrangedor", disse Moro.


O ex-juiz não citou qual filho do presidente estava se referindo, no entanto, à época, em outubro de 2019, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez um tuíte se desculpando por uma postagem sobre segunda instância e declarou que a fez sem autorização do pai.


Na ocasião, a conta oficial de Jair Bolsonaro publicou o seguinte tuíte: "Aos que questionam, sempre deixamos clara nossa posição favorável em relação à prisão em segunda instância. Proposta de Emenda à Constituição que encontra-se no Congresso Nacional sob a relatoria da Deputada Federal Caroline De Toni".


Horas depois da publicação na conta do presidente, Carlos Bolsonaro fez um tuíte se desculpando pela postagem e declarou que a fez sem autorização do pai.


O vereador publicou: "Eu escrevi o tweet sobre segunda instância sem autorização do Presidente. Me desculpem a todos! A intenção jamais foi atacar ninguém! Apenas expor o que acontece na Casa Legislativa!"


Ainda, em resposta a um internauta, Carlos afirmou que estava "assumindo a culpa" pela postagem na rede do pai. "É verdade! Estou assumindo a culpa! Mas creio que os pontos positivos superam qualquer crítica de quem é mal-intencionado!"

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