O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou por volta das 13h40 desta quarta-feira à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre um suposto plano golpista relatado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), atualmente em licença.
Segundo o senador, esse plano seria executado em dezembro passado e consistiria em gravar sem autorização o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e depois impedir a posse do hoje presidente Lula (PT).
Este será o quarto depoimento, pelo menos, prestado por Bolsonaro desde que ele deixou o Palácio do Planalto.
Leia mais:
Novo Código de Obras é debatido em audiência pública na Câmara
Deputados federais de Londrina não assinam PEC e questionam fim da escala 6x1 para trabalhadores
PEC 6x1 ainda não foi debatida no núcleo do governo, afirma ministro
PEC que propõe fim da escala de trabalho 6x1 alcança número necessário de assinaturas, diz Hilton
Bolsonaro entrou pela garagem nos fundos do prédio e não falou com a imprensa.
O senador diz que ele, Bolsonaro e o então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) fizeram uma reunião para discutir uma tentativa de golpe de Estado.
O ex-presidente admitiu à coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, ter participado do encontro, mas afirmou que ficou apenas olhando.
As falas de Do Val foram mais um ingrediente nas investigações que apuram a participação do ex-presidente no plano golpista que terminou nos ataques aos prédios de STF, Planalto e Congresso em 8 de janeiro.
O caso se soma ainda ao histórico golpista de Bolsonaro e à minuta com plano de golpe encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro Anderson Torres.
O plano golpista relatado por Do Val também é detalhado em uma série de mensagens atribuídas a Daniel Silveira. As mensagens foram reveladas pela revista Veja. A Folha de S.Paulo obteve cópia de uma delas.
Em linhas gerais, a proposta apresentada a Marcos do Val envolveria gravar alguma conversa que comprometesse Moraes, que é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Do Val tinha contato com o ministro dos tempos de atuação na área da segurança pública.
Segundo a tese golpista, a revelação desses áudios levaria a uma tempestade perfeita para eles: Moraes seria preso, Bolsonaro seguiria no cargo e Lula não tomaria posse em 1º de janeiro.
O plano de Silveira, segundo Do Val, era gravar o ministro do Supremo e tentar arrancar dele alguma contradição que pudesse, depois, prendê-lo. "Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil", diz uma mensagem atribuída a Silveira, revelada pela Veja e obtida pela Folha de S.Paulo.
"Era muito perceptível o medo do Daniel de ficar vivendo com a sombra do Alexandre de Moraes querendo prender ele a qualquer hora. Aí ele queria fazer o inverso. Construiu um complô para o Alexandre ser preso", disse o senador à Folha de S.Paulo.
Segundo reportagem da revista Veja, a reunião teria ocorrido em 9 de dezembro, uma sexta-feira, no Palácio da Alvorada.
À publicação Marcos do Val detalhou os preparativos para a reunião - ele só poderia se referir a Daniel Silveira e ao presidente com códigos, além de ter sido buscado em um estacionamento por um carro, que o levou à residência presidencial. Também não houve registro de entrada do carro na portaria.
A localização do estacionamento, ainda segundo o senador, foi enviada pelo deputado por GPS, sem dar detalhes sobre o endereço ou as imediações. O carro que Do Val embarcou era da segurança do presidente.