A CGADB (Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Assembleia de Deus do Brasil) afirmou, em nota divulgada na terça-feira (22), que os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura "não representam e não tem autorização para falar em nome" da entidade.
Gilmar comanda a igreja Ministério Cristo para Todos, em Goiânia (GO), ligada à Assembleia de Deus.
"A CGADB repudia as práticas noticiadas na imprensa, relativamente à intermediação de verbas públicas junto ao Ministério da Educação", diz o comunicado.
A Folha de S.Paulo revelou que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, dava tratamento preferencial para Gilmar e Moura, acusados de fazer lobby na pasta e intermediar a liberação de verbas para prefeitos.
Em conversa gravada, o ministro afirma que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos dois pastores, que não têm cargo no governo e atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC.
Milton Ribeiro já tinha perdido apoio de grande parte da bancada evangélica no Congresso por causa da pouca atenção que ele dá aos parlamentares do grupo, a quem sempre dedicou pouco espaço em sua agenda de trabalho.
Mas os áudios aumentaram a irritação dos deputados religiosos. Enquanto os dois pastores conseguiam levar prefeitos para se encontrar com os ministros e tinham seus pleitos atendidos, integrantes da bancada evangélica sequer recebiam resposta dos chamados feitos ao ministro.
No áudio, Ribeiro dizia atender "a todos os que são amigos" do pastor Gilmar, a pedido de Jair Bolsonaro, gerou por isso mesmo revolta na bancada evangélica, que deu a ele 24 horas para se explicar.
Uma das lideranças mais próximas do presidente Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, afirma que o ministro Milton Ribeiro foi vago na nota em que negou favorecimento Gilmar Santos e Arilton Moura, dois pastores acusados de fazer lobby e de intermediar a distribuição de recursos do Ministério da Educação.
Segundo Malafaia, "o ministro é pastor, e tem que provar que é honesto". Para isso, "ele não pode ser genérico nas afirmações. Ele tem que mostrar, com documentos, o que esses dois caras pediram, se era lícito, o que foi liberado e onde o dinheiro foi parar".