O jornalista e professor Fábio Silveira avalia que a vitória de Tiago Amaral (PSD) na zona norte, histórica área de influência de Antônio Belinati, é um efeito direto da escolha do vice, Junior Santos Rosa (PL). “Ele é morador da região e, assim, conseguiu corroer essa estrutura por dentro, agindo como um tipo de ‘cavalo de Tróia’ no reduto belinatista.”
Para ele, o próximo prefeito terá uma base de apoio sólida na Câmara de Vereadores, já consolidada com a presença de dois parlamentares do próprio partido, seis do PL, um do Avante e três do Republicanos, que declararam apoio no segundo turno.
Entretanto, ele ressalta a tendência “adesista” de políticos, principalmente no Legislativo, que tendem a se aproximar do governo.
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“O Tiago sai com uma quantidade boa de votos para montar uma bancada, mas consegue trazer mais alguns votos para ampliar essa vantagem dele dentro do parlamento”, pondera.
NÃO CONSEGUIU APROVEITAR
O analista político e professor Elve Cenci acredita que a Professora Maria Tereza (PP) não conseguiu aproveitar a figura e a gestão de Marcelo Belinati (PP), que ultrapassa 70% de aprovação no último ano de mandato, na sua campanha eleitoral.
“Apesar de ter qualidades como gestora pública, ela não conseguiu apresentar essa administração bem avaliada para o eleitor que precisava cativar”, afirma Cenci, que diz que Amaral conseguiu se cercar de um grupo grande de apoios e mudou seu discurso.
“O Tiago, historicamente, foi um político mais ponderado, moderado, equilibrado, com discurso de centro e centro-direita. E, de repente, ele faz uma campanha fazendo discurso mais à extrema-direita. Ou seja, tentou absorver a metodologia do bolsonarismo mais radical”, acredita.
Para o analista político, a dúvida é qual o tipo de gestão o prefeito eleito fará e quais serão suas escolhas para a administração. Cenci pontua que Amaral reuniu um “conjunto heterogêneo de apoios”.
“Se ele trouxer todos os grupos políticos que o apoiaram, ele corre o sério risco de formar grupos políticos dentro da própria gestão dele, o que implode qualquer governabilidade e coerência na gestão pública”, conclui Cenci, que concorda que o novo prefeito terá base na Câmara.