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Peça-chave da Lava Jato

Alberto Youssef pode ir para prisão domiciliar

Rubens Chueire Jr. - Equipe Folha
13 set 2015 às 08:27

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- Paulo Lisboa/Folha de Londrina
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Até o início do próximo mês, o doleiro Alberto Youssef, uma das peças-chave dentro do megaesquema de lavagem de dinheiro e corrupção com dinheiro desviado de obras da Petrobras, pode deixar a carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) e seguir para um regime de prisão domiciliar. A decisão deve sair após a realização de uma reunião entre os advogados do londrinense e os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), ainda sem data marcada.

O encontro, com previsão de ocorrer até o início do próximo mês, servirá para analisar a efetividade da colaboração do operador e a importância das informações prestadas por ele dentro das investigações. E, dependendo do resultado dessa conversa, o doleiro será beneficiado com prisão domiciliar com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, monitoramento que já ocorre com outros investigados da Operação Lava Jato.

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Na alegação final protocolada em uma das ações penais em que o londrinense é réu, seus advogados reforçaram o pedido para que Youssef possa ser encaminhado para a prisão domiciliar. "É justo que Youssef obtenha do Poder Judiciário um benefício proporcional à extensão e eficácia de sua colaboração, a começar pela possibilidade de ser removido para um regime prisional diferenciado e também lhe seja concedido o perdão judicial nessa e em outras ações penais", destaca trecho assinado pela defesa.

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O documento foi peticionado no processo em que o doleiro responde aos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção juntamente com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Além dessa ação penal, ele é réu em outras 11, foi absolvido em duas e condenado em cinco (quatro referentes à Lava Jato e uma sobre o Banestado que foi reativada após ele quebrar o antigo acordo fechado com o MPF). No total, sua condenação até agora soma 43 anos, nove meses e 10 dias.

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Os advogados ainda recordam na petição que "o acusado tem a saúde debilitada e está preso há mais de um ano e meio, sob forte pressão psicológica e física que agrava ainda mais as crônicas debilidades cardíacas que o acometem". O londrinense chegou a ser internado cinco vezes desde sua prisão, em março de 2014.


O que pode atrapalhar sua saída da carceragem é seu histórico. Mesmo tendo fechado um acordo de colaboração dentro das investigações do Caso Banestado, o doleiro voltou a atuar no mercado e a praticar crimes. Os procuradores não se manifestam sobre o assunto, no entanto, a expectativa da defesa é positiva, pois, segundo ela, os depoimentos de Youssef foram essenciais para que os investigadores conseguissem avançar na apuração dos crimes.

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"Passando em revista os inúmeros termos da colaboração processual de Youssef e minucioso detalhamento do esquema de corrupção descrito na denúncia, fica claro que sua palavra tem credibilidade e foi corroborada por vários colaboradores e também por outros meios de prova. Youssef não mentiu, não tergiversou com as provas", afirmaram os advogados.


Entre as 12 pessoas que chegaram a ser presas e firmaram acordo de colaboração premiada com o MPF, somente o doleiro permanece detido em Curitiba. Sem contar com os mais recentes colaboradores (ex-deputado Pedro Corrêa e o lobista Fernando Soares, o "Baiano"), já foram fechadas 28 delações. Destas, 25 são conhecidas e outras três seguem em sigilo.


"Antes da colaboração de Youssef, as investigações circunscreviam-se a um esquema bastante pontual, sobretudo na diretoria de abastecimentos da Petrobras. Depois de sua (efetiva) colaboração, o raio de abrangência investigativa aumentou significativamente, passando a alcançar um sem número de pessoas físicas e jurídicas", reforçaram os defensores.

Pelo acordo fechado com os procuradores, os advogados pedem também a suspensão de todos os processos que ainda estão na tramitando na Justiça Federal do Paraná. A decisão sobre este pedido cabe ao juiz federal Sérgio Moro. "É, pois, forçoso reconhecer que, com a sua colaboração, Alberto Youssef foi peça-chave para se eviscerar as entranhas de um sistema de corrupção, sem precedentes na historiografia da crônica judiciária brasileira. Aliás, boa parte das colaborações que sucederam a de Youssef vieram a reboque do que ele já havia desvendado", apontaram seus defensores.


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