O senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou a usar nesta segunda o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para atacar o PT. O tucano avalia que o caso ainda terá "desdobramentos" no cenário político brasileiro, mas afirmou que tem "muita cautela" em vincular o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o escândalo. Em sua edição do último fim de semana, a revista Veja divulgou que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza teria relatado a "amigos, parentes e associados" que o petista teria envolvimento com o esquema.
Aécio ressaltou que não tem informações "além daquelas" publicadas. "Acho apenas que esse episódio vai ter ainda desdobramentos. Vamos aguardá-los com cautela", disse o parlamentar, que declarou ainda não "torcer" para que todos os acusados sejam punidos "apenas por serem meus adversários". "Acho que independentemente de partidos políticos, quem agiu com irresponsabilidade, quem utilizou o mandato, o poder público para benefícios pessoais ou partidários, deve pagar", disse, sem citar nomes.
Em relação ao PT, porém, o tucano voltou a acusar a legenda de usar verbas públicas em benefício do próprio "projeto partidário". "O que estamos vendo, efetivamente é que, durante um determinado período do governo do PT, houve sim a utilização de recursos públicos para atender aos interesses de um partido", disparou. "O PT inverteu a lógica de que os partidos políticos devem estar a serviço de um projeto de País. Colocou o País a serviço do seu projeto de poder", acrescentou.
O parlamentar, cotado para disputar a Presidência da República em 2014 pelo PSDB, já havia citado o mensalão para atacar o PT em resposta a críticas de Lula. Sem citar diretamente o senador, o ex-presidente fez ironias com a gestão de Aécio no governo mineiro ao participar de comício do candidato petista à prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias. Na ocasião, o tucano acusou o PT de se "apropriar de empresas públicas" para atender a interesses partidários.
Nesta segunda, o tucano avaliou que o Supremo faz um trabalho "absolutamente técnico" ao julgar o mensalão e afirmou acreditar que o País "sobe de patamar no que diz respeito a essas questões éticas, às questões morais" com o processo, considerado por ele um "demarcador de águas". "aqueles que forem culpados devem pagar, os que forem inocentes devem ser inocentados, mas sem qualquer tipo de pressão. O Supremo deve julgar com absoluta imparcialidade", afirmou.