Polícia

Testemunhas revelam tortura em Almirante Tamandaré

29 ago 2002 às 19:21

Antes de matar, a quadrilha que agia em Almirante Tamandaré torturava algumas das suas vítimas. Essa foi uma das revelações novas na investigação dos assassinatos ocorridos no município. As 16 testemunhas que já foram ouvidas deram seus depoimentos de segunda a quarta-feira desta semana. Ainda faltam outras 32 testemunhas, que serão ouvidas entre os dias 11 e 13 deste mês.

O promotor Elcio Sartori confirmou que o depoimento de Diuma Machado foi um dos mais importantes. Além de reafirmar as denúncias que já tinha feito, Diuma, que foi depor usando colete a prova de balas e com segurança especial da Polícia Militar, revelou detalhes das tortuas. Ela contou que o seu namorado, o policial já morto Alceu Rodrigues, mais conhecido como Beá, matou uma de suas vítimas introduzindo um pé-de-cabra nos seus órgãos genitais.


Já o dono de uma boate da cidade, Carlins Proença Rosa, o Sílvio, teria sido obrigado a beber gasolina. Depois Beá teria ateado fogo ao seu corpo. Minutos depois, ele teria ligado para a namorada contando que o serviço estava feito.


Outra testemunha, Espedita Almeida da Rocha, mãe de Clécio Rocha, assassinado com um tiro na nuca, disse que quem matou seu filho foi Ananias. O inquérito desse caso, no entanto, ainda não está concluído. Segundo Espedita, os próprios policiais acusados arrebanhavam jovens dependentes químicos e praticantes de pequenos delitos para cometer crimes em favor da quadrilha.


A testemunha Eunice do Carmo Coelho contou o que viu na frente da sua casa, quando quatro jovens foram mortos. Ela disse que estava indo dormir quando ouviu gritos anunciando que era a polícia e mandando que todos colocassem as mãos na cabeça. Em seguida ela ouviu os tiros e ao olhar pela janela a viatura da polícia já estava no local. Os quatro jovens estavam deitados de barriga para baixo, com as mãos na cabeça, mortos com tiros na nuca. Pela relatório da própria Polícia Militar, a viatura vista por Eunice era ocupada naquela noite pelos policiais Juliano Oliveira, Jean Grott, Juarez Silvestre e Valdírio Manger, quatro dos sete policias acusados de integrar a quadrilha. A chacina aconteceu em 2000 e, segundo as investigações feitas até aqui, o alvo da quadrilha era Leandro de Paula Camargo. Porém, como ele foi encontrado em companhia de outras três pessoas, todos foram assassinados.


Diante de tantos testemunhos e provas que foram colocadas junto ao processo, o promotor Elcio Sartori está confiante que o juiz Marcel Guimarães Rotoli de Macedo vai pronunciar a setença e com isso determinar que os réus vão a Júri Popular.


*Leia mais na edição desta sexta-feira da Folha de Londrina

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