Polícia

Presos de Piraquara fazem greve de fome

19 fev 2003 às 17:25

Pelo menos metade dos internos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, está em greve de fome desde a manhã de terça-feira. A transferência de 14 líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo, e do Primeiro Comando do Paraná (PCP), para a Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), segundo a direção da PCE, seria a razão do movimento, que atinge cerca de 700 presos.

''Eles querem ficar com os líderes próximos'', avaliou o diretor da PCE, André Luiz Ayres Kendrick. ''Mas não existe a menor possibilidade de negociar.'' A remoção dos presos, alegou, foi uma medida de segurança, já que integrantes do PCC ameaçavam matar um dos membros do PCP, Daniel Pereira. ''Isso poderia desencadear a morte de outros cinco integrantes do PCC e nossa obrigação é preservar a integridade física dos internos.''


Segundo Kendrick, muitos presos acabaram aderindo à greve temendo retaliação. Apenas os detentos de três das 12 galerias não estão participando. Em resposta à greve, a administração cortou o banho de sol, retirou aparelhos de rádio e TV das celas e isolou dois presos que teriam incitado o movimento. Ele adiantou que se a greve durar até o final de semana, os internos ficarão sem receber visitas. As três refeições diárias são distribuídas normalmente. ''Eles não pegam porque não querem.'' Alimentos deixados por familiares na última visita foram retirados das celas.


Kendrick disse não temer a possibilidade de um motim por conta do corte nas regalias. ''A unidade é fechada. Os presos não se misturam a não ser para o banho de sol, regalia a que eles não terão direito enquanto permanecer a greve'', disse. Ele assegurou que o movimento, até a tarde desta quarta-feira, era ''pacífico''.

O Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Paraná (Sinspp) foi, inicialmente, contrário à transferência para a PEP porque metade dos agentes está em greve há quase dois meses e a falta de contingente poderia comprometer a segurança. A presidente do Sinspp, Sandra Márcia Duarte, disse que reconsiderou sua posição ao avaliar que a PEP, assim como as demais unidades terceirizadas, devem assumir o ônus de abrigar criminosos de alta periculosidade, pois contam com melhor estrutura de segurança.


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