Uma menina de 6 anos morreu ao ser atingida por um tiro de fuzil na cabeça, no fim da noite de domingo, na favela Terra Nostra, em Costa Barros, na zona norte do Rio. Parentes de Yasmin de Moura Camilo acusam policiais militares de terem efetuado o disparo que a matou. Já a Polícia Militar nega que estivesse realizando qualquer operação na comunidade. Este é o segundo caso de morte de moradores de favelas envolvendo a PM em dois dias. No sábado, um adolescente de 15 anos foi morto com um tiro na porta de casa na favela do Arará, em Benfica, durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope). As duas mortes estão sendo investigadas pela Polícia Civil.
Testemunhas disseram em depoimento na 39ª DP (Pavuna) que Yasmim brincava na rua, enquanto um grupo de moradores tocava pagode. Por volta das 23h30, tiros foram disparados. Houve correria e a menina ficou caída no chão. Ao perceberem que ela havia sido baleada, moradores cercaram um carro blindado do 41º BPM (Irajá), conhecido como Caveirão, e pediram aos PMs que a socorressem. Yasmim foi levada para a UPA de Costa Barros e transferida para o Hospital Miguel Couto, no centro, onde faleceu.
Moradores da comunidade disseram que os PMs entraram na favela atirando e que não havia confronto com traficantes. Em nota, a PM informou que os agentes do 41º BPM "não realizavam qualquer operação naquele local". Um blindado da unidade estava estacionado na Estrada do Camboatá, em Costa Barros, intensificando o patrulhamento com o objetivo de reprimir o roubo de veículos. Um motorista que passava pelo local avisou aos policiais militares que perto dali havia cerca de 30 de bandidos tentando fechar a rua. O blindado foi deslocado para o local e recebido a tiros mas não houve revide por parte dos policiais militares. Segundo o comandante do batalhão de Irajá, tenente-coronel Carlos Eduardo Sarmento, os policiais militares não dispararam qualquer tiro".
O delegado Reginaldo Félix, da 39ª DP, esteve na tarde da segunda-feira no local do crime com peritos e com os quatro PMs envolvidos no caso. Os fuzis utilizados pelos policiais serão apreendidos e submetidos à exame de balística.
Na madrugada de sábado, Elizeu Santos Trigueiro da Silva, de 15 anos, morreu ao ser baleado no peito e no braço direito, durante uma operação do Bope na Favela do Arará, em Benfica, na zona norte do Rio. Mais uma vez, parentes acusam os policiais de terem feito os disparos que atingiram o rapaz. Em nota, a PM afirma que o menor foi encontrado ferido numa da vielas da comunidade. Durante a operação, um homem que seria traficante morreu e outro foi preso. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH). As armas dos PMs já foram apreendidas para serem periciadas.